Estudo de coorte retrospectivo buscou estimar a mortalidade entre pessoas que vivem com HIV e são diagnosticadas com câncer em comparação com pacientes com câncer sem HIV. Os resultados foram publicados no Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention e indicam que pessoas que vivem com HIV em tratamento podem ter aumento de mortalidade por certos tipos de câncer, embora as disparidades diminuam ao longo do tempo e não persistam além de 5 anos após o diagnóstico.
“Com a expectativa de vida estendida para pessoas infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), há um aumento correspondente na carga de doenças crônicas, incluindo câncer”, observaram os autores.
Para o estudo, foram identificadas 39.000 pessoas com HIV e 387.767 pessoas sem HIV demograficamente correspondentes em três sistemas de saúde integrados entre 2000 e 2016. Os pesquisadores estimaram o excesso de mortalidade entre pessoas vivendo com HOV com câncer, calculado como a diferença da taxa de mortalidade por câncer comparando pessoas vivendo com e sem HIV.
Foram avaliados cinco grupos de câncer: qualquer câncer; vírus, cânceres relacionados a HPV e vírus Epstein-Barr; cânceres não relacionados a vírus e cânceres individuais comuns. Um modelo aditivo multivariável de Poisson foi ajustado para estimar o excesso de mortalidade entre pessoas vivendo com HIV e com câncer.
Pessoas com HIV e qualquer câncer tiveram excesso de mortalidade em comparação com pessoas sem HIV [41,3/1.000 pessoas-ano (aa), intervalo de confiança (IC) de 95%, 34,0–48,7]. O maior excesso de mortalidade foi observado para cânceres relacionados ao vírus Epstein-Barr (63,2/1.000 aa, IC de 95%, 47,8–78,7), câncer de pulmão (147,7/1.000 aa, IC de 95%, 41,1–254,3) e linfoma não-Hodgkin (70,5/1.000 aa, IC de 95%, 51,4–89,6). O excesso de mortalidade entre pessoas com HIV foi atenuado de 2009 a 2016, e pessoas vivendo com HIV e com câncer não tiveram excesso de mortalidade 5 anos após o diagnóstico.
Em síntese, pessoas vivendo com HIV em tratamento podem ter excesso de mortalidade por certos tipos de câncer, embora as disparidades tenham sido atenuadas ao longo do tempo e não persistam além de 5 anos após o diagnóstico. “As descobertas podem orientar a prática clínica aprimorada e sugerem que mais pesquisas são necessárias para investigar se o tratamento do câncer ou outros fatores contribuem para as disparidades de mortalidade para pessoas com HIV e com câncer”, concluíram os autores.
Referência:
Lee KL, Sarovar V, Lam JO, Leyden WA, Alexeeff SE, Lea AN, Hechter RC, Hu H, Marcus JL, Yuan Q, Kramer JR, Lin LL, Chiao EY, Towner WJ, Horberg MA, Silverberg MJ. Excess Mortality in Persons with Concurrent HIV and Cancer Diagnoses: A Retrospective Cohort Study. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2024 Sep 13. doi: 10.1158/1055-9965.EPI-24-0478. Epub ahead of print. PMID: 39269284.