Onconews - Reclassificação de casos de câncer de mama HER2 de acordo com as diretrizes ASCO/CAP 2018

James crespo bxEstudo publicado no periódico PLOS One buscou determinar a proporção de casos de câncer de mama com resultados equívocos para HER2 por FISH que são reclassificados como HER2-negativo e o impacto da terapia anti-HER2 na sobrevida nesses casos HER2-equívocos. O oncologista James Crespo (foto), médico do Americas Centro de Oncologia Integrado, é o primeiro autor do trabalho.

A diretriz da Sociedade Americana de Oncologia Clínica/Colégio Americano de Patologistas (ASCO/CAP) de 2018 sobre o teste HER2 em câncer de mama permite a reclassificação de casos com resultados equívocos para HER2 por FISH. O impacto de tal reclassificação, no entanto, ainda não é claro.

Nesse estudo, os pesquisadores revisaram os prontuários médicos de pacientes com câncer de mama e teste de HER2 por FISH e imunohistoquímica (IHC) realizado ou verificado no MD Anderson Cancer Center entre abril de 2014 e março de 2018, e que apresentaram resultado equívoco para HER2 de acordo com a Diretriz ASCO/CAP de 2013.

A população foi dividida em 2 coortes considerando se a amostra de biópsia analisada era de doença inicial ou recorrente/metastática. O status HER2 foi reclassificado de acordo com a diretriz ASCO/CAP 2018. A sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de eventos (EFS) foram calculadas usando o método Kaplan-Meier, e a relação entre a terapia anti-HER2 e os resultados clínicos foi avaliada.

Resultados

Os pesquisadores identificaram 139 casos com resultados HER2-equívocos de acordo com a diretriz ASCO/CAP de 2013: 90 casos de doença primária e 49 casos de doença recorrente/metastática. No geral, de acordo com a diretriz ASCO/CAP de 2018, esses casos foram classificados como HER2-negativos (112 casos, 80%), HER2-positivos (1 caso, 1%) e indeterminados (26 casos, 19%); na coorte de doença primária, 85 casos HER2-negativo (94%), 1 caso HER2-positivo (1%), e 4 casos indeterminado (4%); e na coorte de doença recorrente/metastático, 27 casos HER2-negativo (55%) e 22 casos indeterminados (45%).

Cinco pacientes na coorte de doença primária e 1 paciente na coorte de doença recorrente/metastática receberam terapia anti-HER2. Não houve associação significativa entre a terapia anti-HER2 e a sobrevida global ou sobrevida livre de eventos em qualquer coorte (doença primária: SG, p = 0,67; EFS, p = 0,49; doença recorrente/metastática, SG, p = 0,61; EFS, p = 0,78).

“Nosso estudo mostrou que a maioria dos casos com resultado equívoco para HER2 pela diretriz da ASCO/CAP de 2013 foram reclassificados para HER2 negativo de acordo com a nova diretriz da ASCO/CAP de 2018 no MD Anderson Cancer Center. Tivemos dificuldade na reclassificação de algumas amostras citopatológicas provenientes de biópsias de metástases devido a presença de material insuficiente para avaliação por imunohistoquímica. A maioria dos oncologistas optou por não utilizar terapia anti-HER2, o que prejudicou a análise de sobrevida, porém a excelente sobrevida livre de eventos sem a terapia anti-HER2 sugere que esses tumores tem um comportamento clínico mais parecido aos tumores HER2 negativos”, conclui Crespo.

Referência: Crespo J, Sun H, Wu J, Ding Q-Q, Tang G, Robinson MK, et al. (2020) Rate of reclassification of HER2-equivocal breast cancer cases to HER2-negative per the 2018 ASCO/CAP guidelines and response of HER2-equivocal cases to anti-HER2 therapy. PLoS ONE 15(11): e0241775. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0241775