Estudo de Van Not et al. publicado na Cancer confirma que os pacientes se beneficiam da reexposição a inibidores BRAF (/MEK) no melanoma avançado. Os resultados refletem a maior coorte já analisada até hoje e mostram que a mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) após a reintrodução foi de 4,6 meses e a sobrevida global (SG) mediana de 8,2 meses.
Nesta análise, os autores descrevem o gene BRAF como um proto-oncogene que codifica a quinase B-Raf, importante para a sinalização e o crescimento celular. “Mutações ativadoras neste gene BRAF são as mutações condutoras mais frequentes no melanoma, presentes em quase metade dos pacientes com melanoma avançado. Esta mutação pode ser um alvo para terapia sistêmica, como os inibidores BRAF (BRAFi), que têm sido aprovados pela Food and Drug Administration como uma opção de tratamento para melanoma com mutação BRAF desde 2011”, analisam. Van Not et al. também reforçam que a adição de inibidores de MEK à inibição de BRAF melhora os resultados.
Apesar das evidências do benefício da inibição de BRAF (/MEK) no melanoma avançado, faltam dados estruturados para apoiar a reintrodução desses agentes em pacientes previamente tratados com BRAFi (/MEKi). Neste estudo, os dados de todos os pacientes com melanoma avançado tratados com reexposição BRAFi(/MEKi) foram recuperados do Registro Holandês de Melanoma. Os autores analisaram a taxa de resposta objetiva (ORR), a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG), tanto para o primeiro tratamento, quanto para a reintrodução. Os fatores associados à resposta e à sobrevida foram analisados por regressão logística multivariável e modelo de riscos proporcionais de Cox.
Os autores incluíram 468 pacientes submetidos a pelo menos dois episódios de tratamento com BRAFi(/MEKi), refletindo a maior coorte já analisada até o momento. Após a reintrodução, a ORR foi de 43%, a SLP mediana foi de 4,6 meses (intervalo de confiança [IC] de 95%, 4,1–5,2) e a SG mediana foi de 8,2 meses (IC de 95%, 7,2–9,4). Os resultados mostram que a SLP mediana após reintrodução para pacientes que descontinuaram o primeiro tratamento com BRAFi(/MEKi) devido à progressão foi de 3,1 meses (IC de 95%, 2,7–4,0) versus 5,2 meses (IC de 95%, 4,5–5,9) para pacientes que descontinuaram o tratamento por outros motivos.
A interrupção do primeiro tratamento devido à progressão e níveis de lactato desidrogenase (LDH) superiores a duas vezes o limite superior do normal foram associados a menores probabilidades de resposta e piores SLP e SG. As metástases cerebrais sintomáticas foram associadas a pior sobrevida, enquanto um intervalo de tratamento mais longo entre o primeiro tratamento e a reintrodução foi associado a melhor sobrevida. A resposta ao primeiro tratamento BRAFi(/MEKi) não foi associada à resposta ou sobrevida.
“Este estudo confirma que os pacientes se beneficiam da reexposição. Níveis elevados de LDH, metástases cerebrais sintomáticas e descontinuação do primeiro tratamento com BRAFi(/MEKi) devido à progressão estão associados a menos benefícios da reexposição. Um intervalo de tratamento prolongado está associado a maiores benefícios da reintrodução”, concluem os autores.
O artigo foi publicado na Cancer, periódico da American Cancer Society, e está disponível em acesso aberto.
Referência: 10 January 2024. https://doi.org/10.1002/cncr.35178