A radioterapia estereotática corporal (SBRT) é uma opção eficaz para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) oligometastático em estágio inicial. No entanto, os dados da América Latina são limitados. Agora, estudo publicado no JCO Global Oncology buscou avaliar os resultados de mundo real da aplicação do SBRT para lesões pulmonares em uma instituição brasileira, trazendo a maior casuística da América Latina. Lilian Faroni (foto), médica especialista em radioterapia dos Institutos COI e D’Or de Pesquisa e Ensino, é a primeira autora do trabalho.
O estudo analisou uma coorte de pacientes tratados com SBRT para lesões pulmonares (primárias e metástases). O desfecho primário foram as taxas de controle local por lesão; desfechos secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e toxicidade.
Resultados
Entre 2015 e 2019, um total de 216 pacientes receberam SBRT e foram incluídos no estudo. A mediana de seguimento foi de 24,5 meses (5-70). O CPCNP primário correspondeu a 70% (n = 151) e lesões pulmonares não primárias a 30% (n = 65), respectivamente. Doença em estágio I representou 56% (85 de 151) da coorte de pacientes com CPCNP.
O número médio de frações e dose total prescrita foi de 5 (3-10)/59 Gy (50-62 Gy). Para CPNPC estágio I (todas as lesões tratadas com uma dose biologicamente eficaz [10] > 100 Gy). A taxa de controle local em 2 anos, sobrevida global e sobrevida livre de progressão foram 93,4%, 81,6% e 80,7%, respectivamente. Para lesões em estágio IV, se a dose biologicamente eficaz (10) > 100 Gy ou < 100 Gy, o controle local em 2 anos foi de 95,8/86,4% (P = 0,03), sobrevida global em 2 anos foi de 81,6/60,5% (P = 0,006), e sobrevida livre de progressão em 2 anos foi de 38,9/17,9% (P = 0,10). Toxicidade tardia foi observada em 16,2% (n = 35) do total de casos.
“Nossos resultados indicam que a SBRT é eficaz no tratamento de lesões pulmonares malignas (primárias ou metastáticas) em um cenário real na América Latina, com alto controle local e toxicidade aceitável”, afirmaram os autores. “Também demonstramos que uma dose equivalente biológica mais alta, semelhante a estudos anteriores, foi considerada um importante preditor de melhor controle local”, concluíram.
Referência: Faroni L, Ferreira CG, Moraes F, Baldotto C, Zukin M, Aran V, Araujo LH. Real-World Evidence of Health Outcomes Related to Lung Stereotactic Body Radiation Therapy in Brazil. JCO Glob Oncol. 2022 Nov;8:e2200061. doi: 10.1200/GO.22.00061. PMID: 36351211.
