Onconews - Revisão destaca evolução do tratamento do câncer do trato biliar

O câncer do trato biliar, o segundo tipo mais comum de câncer de fígado, continua sendo um desafio terapêutico em razão do diagnóstico tardio e do prognóstico ruim. Revisão de Kehmann et al. apresenta a evolução das estratégias de tratamento sistêmico, desde as opções de quimioterapia aos novos esquemas de combinação com inibidores de checkpoint imune.

Nesta análise, os autores contextualizam o novo cenário de tratamento de tumores do trato biliar, lembrando que nos últimos anos tornou-se evidente que a quimioterapia clássica pode não ser o tratamento ideal para pacientes com câncer do trato biliar, especialmente após falha da terapia de primeira linha.

Diante da disponibilidade crescente de testes genéticos e do reconhecimento de que tumores do trato biliar apresentam heterogeneidade significativa no nível molecular, a revisão também fornece um panorama abrangente das alterações genômicas e de seu potencial para orientar decisões de tratamento, especialmente na terapia de segunda linha. Além das alterações mais comuns em tumores do trato biliar, como mutações da isocitrato desidrogenase 1 ou 2 (IDH1/2) ou fusões e rearranjos do receptor do fator de crescimento de fibroblastos 2 (FGFR2), os autores exploram alterações menos frequentes, como a mutação BRAF V600E e a fusão do gene do receptor da tirosina quinase neurotrófica (NTRK).

Kehmann et al. sublinham, ainda, como as novas estratégias têm reconfigurado o cenário de tratamento. É o caso da adição da imunoterapia com durvalumabe à  quimioterapia com gemcitabina e cisplatina (GemCis), que resultou em benefício significativo de sobrevida. A evidência vem do estudo TOPAZ-1, publicado por Oh e colegas, que avaliou a adição de durvalumabe ao regime GemCis. A combinação de GemCis e durvalumabe seguida da manutenção com durvalumabe após oito ciclos alcançou sobrevida global significativamente maior (12,8 versus 11,5 meses; HR 0,80, IC de 95% 0,66-0,97; P = 0,021), assim como melhorou a sobrevida livre de progressão (7,2 versus 5,7 meses; HR 0,75, IC de 95% 0,63-0,89; P = 0,001) e a resposta tumoral (26,7% versus 18,7%, razão de risco 1,60; IC de 95% 1,11-2,31).

A adição de durvalumabe ao regime GemCis mostrou benefício ainda mais expressivo de sobrevida global a longo prazo. Após 24 meses, 24,9% ainda estavam vivos no grupo tratado com durvalumabe, em comparação com 10,4% no grupo controle. O benefício de sobrevida foi independentemente da localização do tumor, bem como da expressão do ligante de morte programada 1 (PD-L1). Nenhuma toxicidade significativa foi observada, além daquelas conhecidas do regime GemCis.

O câncer do trato biliar é responsável por aproximadamente 3% de todos os cânceres adultos em todo o mundo .

A íntegra da revisão está disponível em acesso aberto.

Referência:

Evolving therapeutic landscape of advanced biliary tract cancer: from chemotherapy to molecular targets. Kehmann, L. et al. ESMO Open, Volume 9, Issue 10, 103706