Onconews - Ribociclibe mostra análise final de sobrevida global no câncer de mama

fabio franke bxAnálise final de sobrevida global (SG) do estudo MONALEESA-2 reportada por Hortobagyi et al. na New England Journal of Medicine (NEJM) demonstrou que a adição de ribociclibe a letrozol resultou em aumento estatisticamente significativo de mais de um ano na sobrevida de mulheres na pós-menopausa com câncer de mama avançado positivo para receptor hormonal, HER2 negativo (HR+/HER2-). A SG, principal endpoint secundário de eficácia, foi de 63,9 meses com ribociclibe comparado a 51,4 meses no grupo placebo (HR = 0,76; IC 95%: 0,63-0,93; bilateral p = 0,008), o maior benefício já reportado nesse cenário de tratamento. O inibidor de ciclinas (CDK 4/6) ribociclibe reduziu em 24% o risco de morte em comparação com letrozol isoladamente. Fabio Franke (foto), oncologista do Oncosite Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia, de Ijuí-RS, comenta os resultados.

Neste estudo global de Fase 3 foram elegíveis 668 pacientes, randomizadas 1:1 para receber ribociclibe (N= 334) ou placebo (N= 334) em combinação com letrozol. A sobrevida global foi avaliada com o uso de um teste de log-rank estratificado e resumida com o uso de métodos de Kaplan-Meier após a ocorrência de 400 óbitos.

Resultados

Após acompanhamento médio de 6,6 anos, 181 mortes ocorreram no grupo ribociclibe (54,2%) e 219 (65,6%) no grupo placebo. A adição de ribociclibe ao tratamento endócrino mostrou benefício significativo de sobrevida global, com mediana de 63,9 meses (intervalo de confiança de 95% [IC], 52,4 a 71,0), bem superior aos 51,4 meses (IC de 95%, 47,2 a 59,7) no grupo placebo mais letrozol.

Não foram observados novos sinais de segurança.

Em conclusão, a terapia de primeira linha com ribociclibe mais letrozol mostrou benefício significativo na sobrevida global em comparação com placebo mais letrozol em pacientes com câncer de mama avançado RH positivo, HER2- negativo. A sobrevida global mediana foi mais de 12 meses superior com ribociclibe do que com placebo.

Os primeiros dados de sobrevida global do estudo MONALEESA-2 foram apresentados pela primeira vez no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) em setembro de 2021. Agora, a publicação da NEJM inclui análises adicionais que comprovam o benefício de sobrevida global mais prolongado já relatado no câncer de mama avançado HR+/HER2-, apoiando o uso da terapia combinada com ribociclibe como tratamento de primeira linha.

"Os dados publicados no NEJM do estudo MONALEESA-2 com adição de ribociclibe à terapia endócrina em pacientes com câncer de mama avançado HR + / HER2 negativo demonstraram um importante benefício significativo de sobrevida global, com mediana de 63,9 meses. É realmente uma grande conquista para as pacientes, com ganho real em sobrevida global, qualidade de vida, segurança e menor toxicidade. Esses números consolidam cada vez mais o uso  do inibidor de ciclinas (CDK 4/6) ribociclibe nesse grupo de pacientes como o standard of care. Não por acaso, no  Brasil já temos o parecer favorável da Conitec para incorporação ao SUS", conclui Franke.

O estudo MONALEESA-2 é financiado pela Novartis e está registrado na plataforma ClinicalTrials.gov : NCT01958021.

Referência: Hortobagyi GN, Stemmer SM, Burris HA, Yap YS, Sonke GS, Hart L, Campone M, Petrakova K, Winer EP, Janni W, Conte P, Cameron DA, André F, Arteaga CL, Zarate JP, Chakravartty A, Taran T, Le Gac F, Serra P, O'Shaughnessy J. Overall Survival with Ribociclib plus Letrozole in Advanced Breast Cancer. N Engl J Med. 2022 Mar 10;386(10):942-950. doi: 10.1056/NEJMoa2114663. PMID: 35263519.