Onconews - Risco de câncer e mutações MUTYH

asprino barreiro galantePaula Asprino, Pedro Galante (na foto, à esquerda) e Rodrigo Barreiro são os autores principais de estudo brasileiro publicado 24 de novembro no Journal of Pathology, descrevendo como variantes patogênicas em heterozigose do gene MUTYH podem levar à tumorigênese. A análise reflete o maior conjunto de dados já avaliado para investigar o risco de câncer em portadores de variantes deletérias da linha germinativa de MUTYH.

Nesta análise, foram considerados 10.389 pacientes com câncer, compreendendo 33 tumores diferentes, além de 117.000 controles saudáveis. O estudo tem participação de pesquisadores do Centro de Oncologia Molecular do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo.

Indivíduos portadores de variantes patogênicas do gene MUTYH em homozigose ou heterozigotos compostos desenvolvem MAP (MUTYH-associated polyposis), com múltiplos pólipos e aumento de risco para tumores colorretais. No entanto, o fenótipo associado a portadores de variantes patogênicas em heterozigose ainda não está bem consolidado. “Nossos resultados indicam que variantes patogênicas monoalélicas da linha germinativa de MUTYH podem levar à tumorigênese por meio de um mecanismo de perda somática de heterozigosidade do alelo MUTYH funcional”, descrevem os autores.

O estudo brasileiro confirmou que a frequência de variantes monoalélicas da linha germinativa de MUTYH foi maior em indivíduos com câncer, embora essa frequência não tenha sido homogênea entre os 33 tipos de tumor avaliados. A ocorrência foi maior para tumores em que são frequentes eventos de perda de heterozigose (LOH), como carcinoma adrenocortical e sarcomas. Assim, a assinatura mutacionalcaracterística de deficiência de MUTYH (C> A) esteve presente apenas em tumores com perda do alelo funcional, aumentando a geração de mutações missense e de códons de parada.

“Em conclusão, propomos que os portadores de variantes monoalélicas da linha germinativa MUTYH estão em maior risco de desenvolver tumores, especialmente aqueles com eventos frequentes de perda de heterozigosidade, como o adenocarcinoma adrenal, embora o risco geral ainda seja baixo”, destacam os autores.

Referência: Barreiro RAS, Sabbaga J, Rossi BM, Achatz MIW, Bettoni F, Camargo AA, Asprino PF, A F Galante P. Monoallelic deleterious MUTYH germline variants as a driver for tumorigenesis. J Pathol. 2021 Nov 23. doi: 10.1002/path.5829. Epub ahead of print. PMID: 34816434.