Onconews - Rusfertida mostra resultados na Policitemia vera

policitemia veraA policitemia vera (PV) é uma neoplasia mieloproliferativa clonal caracterizada por eritrocitose descontrolada, sintomas sistêmicos e risco aumentado de complicações tromboembólicas (TE) e cardiovasculares (CV). Na EHA 2023, os pesquisadores apresentaram a segunda etapa do estudo REVIVE, avaliando rusfertida, um mimético de hepcidina de primeira classe, sobre o controle da eritrocitose em pacientes com PV.

A flebotomia terapêutica (TP), com ou sem agentes citorredutores (CYTO) é usada para controlar os níveis de hematócrito (HCT) <45% para melhorar os sintomas e diminuir o risco de TE e complicações CV em pacientes com policitemia vera. Resultados já conhecidos demonstraram que a adição de rusfertida controla de maneira mais otimizada os níveis de HCT. Na EHA 2023 os pesquisadores apresentaram os resultados da fase de retirada aleatória de rusfertida (Parte 2), que representa o principal endpoint do estudo.

Neste estudo (REVIVE; NCT04057040), foram elegíveis pacientes com diagnóstico de PV (critérios da OMS 2016) que receberam ≥3 TPs nas 28 semanas anteriores à inscrição, com ou sem CYTO concomitante. A rusfertida subcutânea foi adicionada à terapia anterior empregada na PV. Durante a Parte 1 (28 semanas), a dose de rusfertida foi ajustada individualmente para controlar HCT <45%. Durante a Parte 2 (semana de 29-41), a fase de retirada, os pacientes foram randomizados para continuar a rusfertida ou para o placebo correspondente.

A análise definiu como respondedor o paciente que cumprisse 3 critérios estabelecidos, considerando 1) controle HCT sem elegibilidade para flebotomia, 2) sem TP e 3) completou 12 semanas de tratamento. A necessidade de TP foi desencadeada por a) HCT ≥45% e ≥3% maior do que o HCT na semana 29 pré-randomização ou b) HCT>48% ou c) ≥5% de aumento no HCT em comparação com o HCT da semana 29. Os respondedores e não respondedores foram autorizados a participar da Parte 3, uma extensão aberta de 3 anos.

Resultados

53 pacientes foram randomizados (27 placebo, 26 rusfertida) e completaram a parte 2. Os pacientes inscritos tinham idade média de 58 anos (intervalo, 27- 77), majoritariamente homens (71,7%). Como terapia concomitante,  54,7% receberam PHL sozinho e 45,3% receberam PHL + CYTO. A taxa de resposta foi de 69,2% para rusfertida em comparação com 18,5% para placebo (p=0,0003). A análise de subgrupo mostrou eficácia superior para rusfertida em relação ao placebo em ambos os grupos de terapia concomitante:  TP sozinho (p=0,02) e TP+CYTO (p=0,02).

Rusfertida melhorou significativamente a manutenção da resposta, ausência da necessidade de TP e controle persistente de HCT em comparação com placebo (p<0,0001). Na Parte 1, a taxa livre de flebotomia foi de 76,9% (sem 1-17) e 87,3% (sem 17-29). Na Parte 2, a taxa foi de 92,3% para a coorte tratada com rusfertida.

Em relação ao perfil de segurança, rusfertida foi geralmente bem tolerada; 83% dos eventos adversos emergentes do tratamento (TEAEs) foram de grau 1-2, 17% foram de grau 3 com nenhum grau 4 ou 5. Os TEAEs mais comuns foram reações no local da injeção (ISRs), que foram localizadas e grau 1-2 em gravidade. A incidência de ISRs diminuiu com a continuação do tratamento. Apenas 2 TEAEs levaram ao abandono do tratamento. Dos 70 pacientes inscritos, 52 (74,3%) foram tratados por ≥1 ano, 32 (45,7%) por ≥1,5 anos e 10 (14,3%) por ≥2 anos, indicando tolerabilidade a longo prazo da rusfertida.

Em conclusão, a fase de retirada randomizada do estudo REVIVE atingiu seu objetivo primário e demonstrou que rusfertida é um agente altamente eficaz em pacientes com PV recebendo TP com ou sem CYTO.

Referência: Abstract: LB2710 - Targeted therapy of uncontrolled erythrocytosis in polycythemia vera with the hepcidin mimetic, rusfertide: - blinded randomized withdrawal results of the revive study