Análise secundária dos dados do ensaio clínico randomizado SCOT avaliou a associação de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) com idade, sexo, índice de massa corporal, neuropatia basal e regime de quimioterapia em pacientes com câncer colorretal tratados com quimioterapia adjuvante contendo oxaliplatina. Os resultados mostram que idade, sexo e IMC não foram associados à NPIQ, enquanto a menor duração da quimioterapia (3 vs 6 meses, como já demonstrado pelo ensaio SCOT) e o regime CAPOX foram associados a menor gravidade da NPIQ aguda e de longa duração.
A neuropatia periférica induzida por quimioterapia é um efeito adverso comum da oxaliplatina, pode prejudicar a qualidade de vida a longo prazo e limitar a dose de quimioterapia.
Neste ensaio clínico (SCOT) os pesquisadores compararam 3 meses a 6 meses de quimioterapia adjuvante contendo oxaliplatina em 6.088 pacientes com câncer colorretal inscritos entre março de 2008 e novembro de 2013. Dois regimes de quimioterapia diferentes foram usados: capecitabina com oxaliplatina (CAPOX) ou fluorouracil com oxaliplatina (FOLFOX). A NPIQ foi registrada com a ferramenta Functional Assessment of Cancer Therapy/Gynaecologic Oncology Group-Neurotoxicity em 2.871 participantes desde o início do estudo (randomização) por até 8 anos. As tendências longitudinais [médias com intervalos de confiança (IC) de 95%] foram traçadas estratificadas pelos fatores investigados. A análise de covariância (ANCOVA) foi utilizada para analisar a associação de fatores com ajuste de NPIQ para o braço de randomização SCOT e a dose de oxaliplatina. P < 0,01 foi adotado como ponto de corte para significância estatística.
Os pacientes que receberam CAPOX tiveram pontuações mais baixas de NPIQ do que aqueles que receberam FOLFOX. O regime quimioterápico foi associado à NPIQ de 6 meses (P < 0,001) a 2 anos (P = 0,001). O coeficiente ANCOVA ajustado para CAPOX aos 6 meses foi de -1,6 (IC 95% -2,2 a -0,9) e aos 2 anos foi -1,6 (IC 95% -2,5 a -0,7). Pacientes com pontuações basais de neuropatia ≥1 apresentaram NPIQ mais altas do que aqueles com pontuações basais de neuropatia = 0 (P < 0,01 para todos os momentos, exceto 18 meses). Idade, sexo e índice de massa corporal não se relacionaram com NPIQ.
Com base nesses achados, os pesquisadores concluem que uma avaliação da neuropatia antes do tratamento com oxaliplatina pode ajudar a identificar pessoas com risco aumentado de NPIQ, acrescentando que mais pesquisas são necessárias para compreender o efeito indutor de NPIQ de diferentes regimes de quimioterapia.
A íntegra do estudo está disponível no ESMO OPEN, em acesso aberto.
Referência: DOI: https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2023.102063