Estudo de revisão sistemática e meta-análise de Arecco et al. buscou fornecer evidências atualizadas sobre a segurança da gravidez após o diagnóstico e tratamento do câncer de mama inicial com receptor hormonal positivo. Os resultados mostram que a gravidez após o câncer de mama não teve impacto na sobrevida livre de doença e foi associada à melhora da sobrevida global.
Apesar do aumento das evidências sobre a segurança da gravidez após tratamentos anticâncer em sobreviventes de câncer de mama, muitos médicos e pacientes continuam preocupados com um risco potencial de gravidez, especificamente no caso de câncer de mama com receptor hormonal positivo.
Arecco e colegas realizaram uma pesquisa bibliográfica sistemática nas bibliotecas Medline, Embase e Cochrane sem restrição de idioma ou data, até 31 de março de 2023. Foram incluídos artigos de estudos caso-controle e de coorte retrospectivos e prospectivos, bem como ensaios clínicos comparando os resultados de sobrevida de mulheres na pré-menopausa com ou sem gravidez após diagnóstico prévio de câncer de mama com receptor hormonal positivo. A sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG) foram os desfechos de interesse. Foram calculadas taxas de risco (HR) agrupadas com intervalos de confiança (IC) de 95%.
Dos 7.796 estudos selecionados, 8 foram elegíveis para inclusão na análise final. Um total de 3.805 pacientes com câncer de mama invasivo inicial positivo para receptor hormonal foram incluídos nesses estudos, dos quais 1.285 engravidaram após o diagnóstico de câncer de mama. O tempo médio de acompanhamento variou de 3,8 a 15,8 anos e foi semelhante nas coortes de gravidez e não gravidez.
Os autores descrevem que em três estudos (n = 987 pacientes) que relataram SLD não foi observada diferença entre pacientes com e sem gravidez subsequente (HR 0,96, IC 95% 0,75-1,24, P = 0,781). Nos seis estudos (n = 3.504 pacientes) que relataram SG, as pacientes com gravidez após câncer de mama tiveram uma SG melhor estatisticamente significativa do que aquelas sem gravidez (HR 0,46, IC 95% 0,27-0,77, P < 0,05).
“Esta revisão sistemática e meta-análise de estudos de coorte retrospectivos fornecem evidências atualizadas de que engravidar em pacientes com história prévia de câncer de mama invasivo inicial com receptor hormonal positivo parece seguro, sem efeito prejudicial no prognóstico”, concluem os autores
Em síntese, a meta-análise mostrou que a gravidez após câncer de mama com receptor hormonal positivo não teve impacto no prognóstico e, portanto, não deve ser desencorajada.
Referência: Open AccessPublished:October 23, 2023. DOI: https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2023.102031