Onconews - Subtipos moleculares e seleção de tratamento no câncer colorretal

Renata DAlpino 2018 NET OKO JCO publicou estudo de Innocenti, F et al desenhado com o objetivo de determinar o valor preditivo e prognóstico do consenso de subtipos moleculares de câncer colorretal em pacientes inscritos no CALGB/WOG 80405. Os resultados mostram que baixa carga mutacional do tumor e mutações em BRAF e RAS são fatores prognósticos negativos; pacientes com alta instabilidade de microssatélites se beneficiaram mais de bevacizumabe na primeira linha do que aqueles tratados com cetuximabe. A oncologista Renata D'Alpino (foto), coordenadora de Tumores Gastrointestinais e Neuroendócrinos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e membro do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG) analisa os resultados.

O estudo Fase III CALGB / SWOG 80405 comparou a adição de bevacizumabe ou cetuximabe a fluorouracil, leucovorina e oxaliplatina (FOLFOX) ou fluorouracil, leucovorina e irinotecano (FOLFIRI) como tratamento de primeira linha no câncer colorretal (CCR) avançado. A classificação do consenso de subtipos moleculares (CSM) utilizou o painel NanoString em tumores primários de 581 pacientes incluídos no estudo CALGB / SWOG 80405 para avaliar o prognóstico e valor preditivo do CSM nesses pacientes.

Resultados

Pacientes com tumores que expressam alta carga mutacional (TMB, da sigla em inglês) tiveram sobrevida global mais longa do que aqueles com baixo TMB (razão de risco [HR], 0,73 [IC 95%, 0,57 a 0,95]; P 5, 02). Em pacientes com tumores com alta instabilidade de microssatélite (MSI-H), a sobrevida global foi maior no braço de bevacizumabe do que no braço de cetuximabe (HR, 0,13 [IC 95%, 0,06 a 0,30]; P= 0,001).

Pacientes com mutação BRAF tiveram menor SG do que aqueles do tipo selvagem (WT) (HR, 2,01 [IC 95%, 1,49 a 2,71]; P, 0,001). Em pacientes com RAS mutado, a SG também foi menor em relação ao grupo com tumores WT (HR, 1,52 [95% CI, 1,26 a 1,84]; P, 0,001). Os pacientes com tumores triplo-negativos (WT para NRAS / KRAS / BRAF) tiveram mediana de 35,9 meses (IC95%, 33,0 a 38,8 meses) versus 22,2 meses (IC 95%, 19,6 a 24,4 meses) em pacientes com pelo menos um gene mutado (P, 0,001).

Em conclusão, baixo TMB e mutações em BRAF e RAS são fatores prognósticos negativos em pacientes com câncer colorretal metastático. Os pacientes com tumores MSI-H se beneficiaram mais de bevacizumabe do que com cetuximabe.

"O conhecimento do perfil mutacional em CCR metastático diz bastante a respeito do prognóstico, e também permite a nós oncologistas adaptarmos a melhor terapêutica possível. Apesar da utilização do perfil NanoString para classificação do subtipo molecular ainda esar longe da prática clínica fora do cenário de pesquisa, podemos facilmente obter as pesquisas de RAS, BRAF e de instabilidade microssatélite. Hoje, tais fatores fazem parte da escolha do melhor tratamento dos pacientes com CCR metastático", afirma a oncologista Renata D'Alpino.

Para os autores, esses achados destacam a possível utilidade clínica do CSM e sugerem que o refinamento da classificação de subtipos moleculares pode fornecer um caminho para identificar pacientes com CCR metastático que se beneficiam da terapia-alvo como parte do tratamento inicial.

Referências

Innocenti, F., Ou, F.-S., Qu, X., Zemla, T. J., Niedzwiecki, D., Tam, R., … Kabbarah, O. (2019). Mutational Analysis of Patients With Colorectal Cancer in CALGB/SWOG 80405 Identifies New Roles of Microsatellite Instability and Tumor Mutational Burden for Patient Outcome. Journal of Clinical Oncology, JCO.18.01798. doi:10.1200/jco.18.01798

Lenz, H.-J., Ou, F.-S., Venook, A. P., Hochster, H. S., Niedzwiecki, D., Goldberg, R. M., … Kabbarah, O. (2019). Impact of Consensus Molecular Subtype on Survival in Patients With Metastatic Colorectal Cancer: Results From CALGB/SWOG 80405 (Alliance). Journal of Clinical Oncology, JCO.18.02258. doi:10.1200/jco.18.02258