Onconews - Oncologistas têm dúvidas sobre manejo clínico da supressão da função ovariana no CA de mama pré-menopausa, revela survey

A supressão da função ovariana (SFO) com agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRHas) é um padrão de tratamento para pacientes na pré-menopausa com câncer de mama (CM) positivo para receptor hormonal, com doença estágio II/III de alto risco. Como os oncologistas usam OFS no tratamento de rotina? Um survey encaminhado a oncologistas de três continentes buscou compreender a prática clínica e revela que oncologistas precisam de orientação sobre a escolha ideal de GnRHa, cronograma e duração do tratamento, além de atualização sobre o monitoramento e interpretação dos níveis de estradiol. Os resultados estão em artigo de Catherine M. Kelly e colegas, no JCO Oncology Practice.

Globalmente, mulheres com menos de 50 anos compreendem 30,9% de todos os casos de câncer de mama (CM) e a doença positiva para receptor hormonal é o subtipo mais comum. Neste estudo, os pesquisadores projetaram um questionário para determinar a escolha de GnRHa, cronograma, duração, início, uso de modificadores ósseos e monitoramento de estradiol (E2). O questionário foi enviado a oncologistas que tratam de câncer de mama, em prática há mais de 1 ano, participantes do ASCO Research Survey Pool (RSP), além de oncologistas convidados pelos pesquisadores. A pesquisa foi aberta entre 14 de novembro de 2023 e 5 de janeiro de 2024.

Os resultados de Kelly et al. revelam que, dos 996 oncologistas participantes do ASCO RSP, 178 (18%) concluíram a pesquisa. Outros 56 oncologistas contatados pelos pesquisadores responderam. Os entrevistados eram dos Estados Unidos (57%), Ásia (15%) e Europa (14%).

A análise mostra que goserrelina (54%) e leuprolida (39%) foram os GnRHas mais frequentemente usados ​​e foram administrados uma vez por mês por 46%. As abordagens para iniciar GnRHas foram variadas. A maioria continuou durante o tratamento com inibidor de aromatase (57%). Os autores descrevem que o monitoramento de estradiol foi realizado regularmente, às vezes ou nunca por 43%, 27% e 27%, respectivamente. Os ensaios E2 usados ​​foram padrão (65%), ultrassensíveis (16%) e desconhecidos (14%). A interpretação dos resultados do ensaio E2 foi considerada difícil por 55%; no entanto, 62% dos oncologistas mudaram o tratamento com base neles. Um total de 92% dos entrevistados gostariam de receber orientação da ASCO sobre o uso prático de OFS.

“Existe uma variação considerável na prática para cenários clínicos semelhantes na administração de OFS. Os entrevistados receberiam bem a orientação da ASCO sobre todos os aspectos do OFS”, concluem os pesquisadores. “Algumas dessas variações podem refletir a disponibilidade do medicamento e o ambiente regulatório, mas outras refletem limitações na literatura e a falta de diretrizes de consenso sobre os aspectos práticos dessas terapias”, analisam.

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência

Catherine M. Kelly et al., Clinical Management of Ovarian Function Suppression in Premenopausal Women With Breast Cancer: A Survey of Members of ASCO. JCO Oncol Pract 0, OP-24-00502. DOI:10.1200/OP-24-00502