“O estudo RAPIDO estabelece a terapia neoadjuvante total como nova opção de tratamento padrão para câncer retal localmente avançado. O estudo também endossa o uso de um curso mais curto de radioterapia. A maior taxa de resposta patológica completa apoia a estratégia neoadjuvante total em pacientes considerados para tratamento não operatório se a resposta clínica completa for alcançada”. A análise foi publicada na NEJM Journal Watch, que discutiu os resultados de Bahadoer, RR et al. publicados 7 de janeiro no Lancet Oncology.
Os autores destacam que a radioquimioterapia seguida de cirurgia e quimioterapia adjuvante é o tratamento padrão para câncer retal localmente avançado. A abordagem da terapia neoadjuvante total - administrar toda a quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia - é de interesse crescente. Agora, dados reportados do estudo RAPIDO estabelecem a terapia neoadjuvante total como nova opção de tratamento padrão para câncer retal localmente avançado.
A publicação na NEJM Journal Watch lembra que neste ensaio internacional de Fase III, aberto, randomizado, que comparou a terapia convencional com um regime neoadjuvante, os pacientes elegíveis tinham características clínicas de alto risco na ressonância magnética pélvica, incluindo doença T4 ou N2 ou evidência de envolvimento fascial mesorretal. “Os pacientes foram randomizados para 1) radioquimioterapia convencional com capecitabina oral, radioterapia pélvica com 25 frações de 2 Gy (50 Gy) ou 28 frações de 1,8 Gy (50,4 Gy), cirurgia e quimioterapia adjuvante de acordo com a instituição, ou 2) terapia neoadjuvante total com radioterapia de curta duração de 5 × 5 Gy, 6 ciclos de capecitabina oxaliplatina ou 9 ciclos de FOLFOX4 e, em seguida, cirurgia. De 912 pacientes, 31% tinham doença estágio T4, 65% tinham doença estágio N2, 37% extensões distais de 5 a 10 cm da borda anal e 33% tinham extensões distais ≥10 cm da borda anal.
Em 3 anos, a taxa de falha ao tratamento relacionado à doença (endpoint primário) foi reduzida com a terapia neoadjuvante total em comparação com a terapia convencional (23,7% vs. 30,4%; HR, 0,75; P = 0,019), assim como a taxa de metástases à distância (20,0% vs. 26,8%; HR, 0,69; P = 0,0048). A taxa de resposta patológica completa foi maior com a terapia neoadjuvante total (28% vs. 14%; odds ratio, 2,37; P <0,0001). A análise da NEJM Journal Watch destaca que os dois grupos tiveram taxas semelhantes de falha locorregional (8,3% e 6,0%), ressecção R0 (90%), sobrevida global em 3 anos (89,1% e 88,8%) e eventos adversos graves (38% e 34%).
Referência: Bahadoer RR et al. Short-course radiotherapy followed by chemotherapy before total mesorectal excision (TME) versus preoperative chemoradiotherapy, TME, and optional adjuvant chemotherapy in locally advanced rectal cancer (RAPIDO): A randomised, open-label, phase 3 trial. Lancet Oncol 2021 Jan; 22:29. (https://doi.org/10.1016/S1470-2045(20)30555-6)
Total Neoadjuvant Therapy for Locally Advanced High-Risk Rectal Cancer - David H. Ilson, MD, PhD reviewing