Pesquisa global avaliou o comportamento médico relacionado a padrões de testes genéticos para EGFR no câncer de pulmão de células não pequenas estágio inicial (I/II/IIIa) e avançado (IIIb/IIIc/IV). Os resultados foram selecionados para apresentação no 2022 European Lung Cancer Congress (ELCC 2022), em pôster com participação do oncologista Mauro Zukin (foto), médico da Oncologia D’Or e membro Diretor do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT).
A pesquisa médica online foi realizada entre junho e setembro de 2021 na Argentina, Bélgica, Brasil, Índia, Holanda, Federação Russa, Cingapura, Suíça e Turquia, investigando percepções de padrões de testagem de EGFR, interpretação de resultados, experiências de teste e decisões de tratamento em estágio inicial e avançado da doença.
Resultados
Participaram da pesquisa 338 médicos, (82% oncologistas, 96% baseados em hospital) com um número médio de casos mensais (IQR) de 10 (5–20) pacientes com CPCNP em estágio inicial e 20 (10–39) pacientes com em estágio avançado/metastático. 48% indicaram testes de rotina para EGFRm no estágio I, 42% no estágio II, 57% no estágio IIIa e 88% no estágio IV, com uma mediana geral estimada de 30% dos pacientes testados estágio I, 40% no estágio II, 70 % no estágio IIIa e 100% no estágio IV.
As razões para a não testagem no estágio I foram 'o teste ocorrerá após a progressão' (37%) e 'sem implicações na prática de tratamento' (31%), enquanto as principais razões para não testar no estágio IV foram 'tecido inadequado' (52% ) e 'questões de reembolso' (32%).
Em relação ao momento dos testes, os médicos relataram testes para EGFRm antes da seleção do tratamento em uma média de 30% dos pacientes em estágio inicial e 90% dos pacientes avançados. 72% e 57% dos médicos relataram pelo menos “às vezes” iniciar o tratamento antes de receber os resultados do teste de EGFR em pacientes em estágio inicial e avançado, respectivamente. Dos médicos que iniciam o tratamento antes de receber os resultados do teste, o “risco de progressão da doença” foi o principal motivo tanto no estágio inicial (23%) quanto no estágio avançado (27%).
Em conclusão, o teste de EGFRm em estágio avançado foi relatado como prática padrão, enquanto a maioria dos médicos relatou não testar rotineiramente o EGFRm no estágio I. “No cenário do estágio inicial, a não realização do teste ocorreu principalmente devido à falta de opções de tratamento direcionadas reembolsadas antes da doença avançada. Com a introdução da terapia direcionada no cenário da doença em estágio inicial, há a necessidade de adotar testes precoces de EGFRm para apoiar a tomada de decisão clínica”, observaram os autores.
Zukin ressalta a importância de testar todos os pacientes com câncer de pulmão não pequenas células não escamoso, independente do estádio. “O estudo já mostra como estamos defasados na testagem molecular dos pacientes com doença inicial, assim como outros países que também participaram do estudo. Tivemos muitas mudanças, muito rápidas, e vamos ter que nos adaptar para oferecer o melhor tratamento para o paciente com doença inicial. No Brasil, apenas no último ano, tivemos a aprovação de dois tratamentos no cenário de adjuvância, depois de mais de 20 anos sem novidades nesse cenário”, conclui.
O estudo foi financiado pela AstraZeneca.
Referência: 100P - Physician perceptions of testing practices in patients with early and advanced stage EGFR mutation positive (EGFRm) NSCLC: A global survey - Annals of Oncology (2022) 33 (suppl_2): S71-S78. 10.1016/annonc/annonc857