Pedro Joffily Pinto (na foto, à esquerda), radio-oncologista do A.C.Camargo Cancer Center, é primeiro autor de estudo publicado no International Journal of Gynecologic Cancer que buscou avaliar o impacto prognóstico de variáveis clínicas e patológicas e padrões de recorrência em pacientes com câncer do colo do útero localmente avançado com envolvimento linfonodal pélvico (estágio IIIC1 de acordo com o 2018 FIGO Staging System). O cirurgião oncológico Glauco Baiocchi é o autor sênior do trabalho.
No estudo, foram analisadas retrospectivamente 62 pacientes com câncer de colo de útero localmente avançado tratadas com intenção curativa com radioterapia associada à quimioterapia no A.C.Camargo Cancer Center entre janeiro de 2007 e dezembro de 2018.
O envolvimento linfonodal foi avaliado por tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e PET/CT em 28 (45,2%), 20 (32,3%) e 14 (22,6%) pacientes, respectivamente. O tamanho médio do tumor foi de 5,0 cm e 72,6% dos casos eram carcinomas de células escamosas.
O número médio de linfonodos pélvicos positivos foi três, com tamanho médio de 24 mm. Vinte e dois (35,5%) pacientes tiveram recorrência e 50% tiveram apenas um sítio de recidiva. Os sítios de recidiva foram pélvico, para-aórtico e distante em 12 (19,4%), 6 (9,7%) e 16 (25,8%) pacientes, respectivamente. A sobrevida global e livre de doença em 3 anos foi de 70,8% e 64,6%, respectivamente.
As pacientes com adenocarcinoma tiveram pior sobrevida livre de doença (HR 2,38; 95% CI 1,01 a 5,60; p=0,047) e sobrevida global (HR 2,99; 95% CI 1,14 a 7,75; p=0,025) em comparação com carcinoma espinocelular. Na análise multivariada, linfonodo pélvico metastático com tamanho >2,5 cm (HR 4,38; 95% CI 1,65 a 11,6; p=0,003) e resposta incompleta à radioterapia (HR 5,14; 95% CI 1,60 a 16,4; p=0,006) mantiveram o impacto negativo na sobrevida global.
“Nossos resultados demonstram que o tamanho dos linfonodos pélvicos e a resposta incompleta à radioterapia impactam negativamente a sobrevida global em pacientes com câncer de colo do útero avançado com envolvimento dos linfonodos pélvicos. Além disso, a recorrência em cadeia para-aórtica foi menos frequente do que a recorrência em pelve ou a distância. Esse achado pode ajudar a estratificar o risco nesse grupo de pacientes”, concluíram os autores.
Referência: Pinto PJJ, Chen MJ, Santos Neto E, et al - Prognostic factors in locally advanced cervical cancer with pelvic lymph node metastasis - International Journal of Gynecologic Cancer 2022;32:239-245.