Estudo prospectivo multicêntrico publicado na Cancer Prevention Research buscou determinar a prevalência de variantes patogênicas da linhagem germinativa (PGV) no câncer hepatobiliar. “Os dados do teste de linhagem germinativa em pacientes não selecionados com câncer hepatobiliar são limitados, e a identificação da predisposição pode ter implicações importantes no tratamento do câncer e no aconselhamento familiar”, afirmam os autores. O oncologista Pedro Uson Junior (foto), médico no Hospital Israelita Albert Einstein e pesquisador fellow na Mayo Clinic, é o primeiro autor do trabalho.
Os pesquisadores realizaram um estudo prospectivo de vários locais de sequenciamento da linhagem germinativa usando uma plataforma de sequenciamento de nova geração de > 80 genes entre pacientes com câncer hepatobiliar atendidos nos Centros de Câncer da Mayo Clinic entre 1º de abril de 2018 e 31 de março de 2020.
Os pacientes não foram selecionados com base no estágio, história familiar de câncer, etnia ou idade. O teste em cascata familiar foi oferecido sem nenhum custo. Entre 205 pacientes, a mediana de idade foi de 65 anos, 58,5% eram do sexo masculino, 81% eram brancos, 64,4% tinham colangiocarcinoma, 21,5% carcinoma hepatocelular, 7,8% câncer de vesícula biliar e 4,3% carcinoma de ampola de Vater.
As variantes patogênicas da linhagem germinativa foram encontradas em 15,6% (n = 32) dos pacientes, incluindo 23 (71%) em genes de suscetibilidade ao câncer de penetrância moderada e alta. “75% dos pacientes com um resultado positivo não teriam sido detectados usando as diretrizes para avaliação genética. A prevalência de PGV foi de 15,7% no colangiocarcinoma intra-hepático, 17% no colangiocarcinoma extra-hepático, 15,9% no câncer hepatocelular e 33% no carcinoma da ampola de Vater”, destacam os autores, acrescentando que com base nesses achados genéticos, 55% dos pacientes eram potencialmente elegíveis para terapia de precisão aprovada e / ou ensaios clínicos.
“O teste de painel multigênico universal em cânceres hepatobiliares foi associado à detecção de mutações hereditárias em mais de 15% dos pacientes, a maioria dos quais não teria sido testada usando as diretrizes atuais. O teste da linhagem germinativa deve ser considerado em todos os pacientes com câncer hepatobiliar”, destacam.
Uson acrescenta que uma limitação dos achados é a ausência de testagem somática dos tumores. “A análise tumoral por sequenciamento de nova geração poderá demonstrar qual o papel dessas variantes patogênicas detectadas no desenvolvimento da doença, além das relações com outros drivers em colangiocarcinoma como FGFR2 e IDH1. Essa análise combinada já está em proposta para estudos futuros”, conclui.
Referência: Uson Junior PL, Kunze KL, Golafshar MA, Riegert-Johnson D, Boardman LA, Borad MJ, Ahn DH, Sonbol MB, Faigel DO, Fukami N, Pannala R, Barrus K, Mountjoy L, Esplin ED, Nussbaum R, Stewart AK, Bekaii-Saab T, Samadder NJ. Germline cancer susceptibility gene testing in unselected patients with hepatobiliary cancers: A multi-center prospective study. Cancer Prev Res (Phila). 2021 Nov 15:canprevres.0189.2021. doi: 10.1158/1940-6207.CAPR-21-0189. Epub ahead of print. PMID: 34782326.