Na primeira linha de tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas não escamoso, a adição de tislelizumab à quimioterapia resultou em melhora significativa da sobrevida livre de progressão e da taxa de resposta objetiva em comparação com a quimioterapia isolada, com perfil de segurança manejável. Os resultados do estudo randomizado de Fase III foram publicados no Jama Oncology.
O ensaio clínico aberto e randomizado de Fase III foi realizado em 46 locais na China entre julho de 2018 e junho de 2019 e incluiu pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) não escamoso estágio IIIB/IV confirmado histologicamente, sem tratamento prévio. O cut off de dados para essas análises foi 6 de dezembro de 2019; a extração de dados ocorreu em 7 de janeiro de 2020.
Os pacientes foram randomizados (1: 1: 1) para receber um dos seguintes regimes por via intravenosa em ciclos de 21 dias: braço A - tislelizumabe (200 mg, dia 1) mais paclitaxel (175 mg/m2, dia 1) e carboplatina (dia 1); braço B - tislelizumab mais nab-paclitaxel (100 mg/m2, dias 1, 8 e 15) e carboplatina; braço C - paclitaxel e carboplatina. Os pacientes foram estratificados por estágio da doença e expressão de PD-L1 tumoral (<1% vs 1% - 49% vs ≥50%).
O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada por um comitê de revisão independente (IRC). Os endpoints secundários incluíram sobrevida global, SLP avaliada pelo investigador (INV), taxa de resposta objetiva avaliada pelo IRC (ORR) e duração da resposta avaliada pelo IRC, bem como a incidência e gravidade dos eventos adversos.
Resultados
No geral, 355 pacientes (mediana [variação] de idade, 62 [34-74] anos; 330 homens [91,7%]) com CPCNP não escamoso receberam tratamento. Após um acompanhamento médio de 8,6 meses (95% CI, 8,1-9,0 meses), a SLP avaliada pelo IRC melhorou significativamente com tislelizumab mais quimioterapia (braço A, 7,6 meses; braço B, 7,6 meses) vs quimioterapia isolada (braço C, 5,5 meses; hazard ratios foram 0,524 (95% CI, 0,370-0,742; P <0,001 [A vs C]) e 0,478 (95% CI, 0,336-0,679; P <0,001 [B vs C]). Foram observadas taxa de resposta objetiva avaliada pelo IRC mais alta e duração de resposta avaliada por IRC mais longa nos braços A (72,5%; 8,2 meses) e B (74,8%; 8,6 meses) vs C (49,6%; 4,2 meses).
Nenhuma associação foi observada entre a expressão de PD-L1 e sobrevida livre de progressão ou taxa de resposta objetiva avaliadas pelo comitê de revisão independente.
A descontinuação de qualquer tratamento por causa de eventos adversos foi relatada em 15 (12,5%; braço A), 35 (29,7%; braço B) e 18 (15,4%; braço C) pacientes. Em cada braço, o evento adverso de grau 3 ou superior mais comum foi a diminuição dos níveis de neutrófilos, que se alinhou com os efeitos tóxicos conhecidos da quimioterapia. Ocorreram seis eventos adversos relacionados ao tratamento que levaram à morte; no entanto, nenhuma morte foi atribuída exclusivamente ao tislelizumab.
Em conclusão, os autores destacaram que adicionar tislelizumab à quimioterapia foi associado à sobrevida livre de progressão avaliada por IRC significativamente prolongada, taxas de resposta objetiva avaliada por IRC mais altas e um perfil de segurança e tolerabilidade manejável em pacientes com CPCNP não-escamoso, independentemente da expressão de PD-L1. “Nossos resultados sugerem que tislelizumab em combinação com a quimioterapia é uma opção de tratamento de primeira linha apropriada para esses pacientes”, concluíram.
O estudo está registrado em ClinicalTrials.gov, NCT03594747.
Referência: Wang J, Lu S, Yu X, et al. Tislelizumab Plus Chemotherapy vs Chemotherapy Alone as First-line Treatment for Advanced Squamous Non–Small-Cell Lung Cancer: A Phase 3 Randomized Clinical Trial. JAMA Oncol. Published online April 01, 2021. doi:10.1001/jamaoncol.2021.0366