Onconews - Tratamento agressivo não aumenta sobrevida no CDIS

Mama_RaioX_Ilustra.jpgPesquisadores canadenses estimaram a mortalidade por câncer de mama 10 e 20 anos após o diagnóstico de carcinoma ductal in situ em uma população de 108.196 mulheres para estabelecer se a taxa de mortalidade é influenciada pelo tratamento inicial e por fatores como quadro clínico, etnia e idade no momento do diagnóstico. Os resultados foram publicados no JAMA Oncology, com acesso livre. 

O estudo observacional considerou os dados do SEER de mulheres que receberam diagnóstico de carcinoma ductal in situ entre 1988 e 2011, a partir de 18 registros. Entre 108.196 mulheres com CDIS com idade média de 53,8 anos (15-69 anos), a duração média do follow-up foi de 7,5 anos (0-23.9 anos).

Aos 20 anos, a mortalidade específica por câncer de mama foi de 3,3% (IC 95%, 3,0% -3,6%) e no geral foi maior para as mulheres que receberam diagnóstico antes de 35 anos, em comparação com mulheres mais velhas (7,8% versus 3,2%; HR, [IC 95%, 1,85-3,60] 2,58; P <0,001). O risco de morte por CDIS também foi maior para negras em comparação com mulheres brancas não-hispânicas (7,0% vs 3,0%; HR, [IC 95%, 2,17-3,01] 2,55; P <0,001) e aumentou para casos de câncer de mama invasivo ipsilateral (HR, [IC 95%, 14,0-23,6] 18,1; P <0,001).

Um total de 517 pacientes morreram de câncer de mama depois do diagnóstico de CDIS sem apresentar câncer invasivo. Entre os pacientes que receberam a mastectomia, a radioterapia foi associada com uma redução do risco de recorrência invasiva ipsilateral em 10 anos (2,5% versus 4,9%; HR [IC de 95%, 0,42-0,53] 0,47; P <0,001), mas não da mortalidade específica por câncer de mama aos 10 anos (0,8% vs 0,9%; HR, [IC 95%, 0,67-1,10] 0,86; P = 0,22).
 
Em conclusão, o estudo de Stefen Narod e colegas mostra que em um diagnóstico de CDIS fatores de risco devem considerar variáveis como idade ao diagnóstico e etnia negra. O risco de morte aumenta após o diagnóstico de um segundo câncer de mama invasivo primário ipsilateral, mas a radioterapia na prevenção destas recorrências não diminui a mortalidade do câncer de mama em 10 anos.
 
Em editorial na mesma edição, assinado por Laura Esserman, o JAMA Oncology destacou que cerca de 20% a 25% dos casos de câncer de mama detectados por rastreamento mamográfico nos Estados Unidos são de CDIS. No entanto, estudos de longo prazo têm demonstrado que a remoção de cerca de 60 mil lesões anuais não tem sido acompanhada da redução da incidência de tumores invasivos entre as mulheres americanas.
 
Com esse largo estudo observacional, Narod e colegas demonstram que o risco de morrer por CDIS é pequeno: em 20 anos de acompanhamento, menos de 1% das pacientes morreram de câncer, em contraste com 5% de pacientes que morreram de outras causas durante o seguimento.
 
Referência: Breast Cancer Mortality After a Diagnosis of Ductal Carcinoma In SituSteven A. Narod, MD, Javaid Iqbal,  Vasily Giannakeas,  Victoria Sopik, e Ping Sun - JAMA Oncol. Published online August 20, 2015. doi:10.1001/jamaoncol.2015.2510