Com a publicação do Consenso de Dor Oncológica, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) quer difundir um novo olhar sobre a dor no paciente de câncer, reforçando o alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o subdiagnóstico e o subtratamento da dor. Dados da OMS estimam que 5,5 milhões de pacientes de câncer na América Latina não recebem medicamentos adequados para controle da dor.
“É preciso vencer a opiofobia e incorporar na prática clínica do oncologista a visão de que precisamos quantificar a intensidade da dor da mesma forma como estamos habituados a estadiar nossos pacientes”, diz Evanius Wiermann, presidente da SBOC.
O oncologista Ricardo Caponero teve papel fundamental na produção do Consenso Brasileiro de Dor e acredita que o documentosimplificou os consensos anteriores (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor) e os internacionais, com uma versão adaptada para a realidade brasileira. No entanto, destaca que a maior vantagem é oferecer um fluxograma simples e rápido para a tomada de decisões terapêuticas imediatas.
Mudar o cenário atual continua um desafio. “A dor permanece subtratada mesmo na Europa e nos Estados Unidos, onde o acesso à medicação é, geralmente, mais fácil. A cartilha para o tratamento da dor, publicada pela OMS há 25 anos e já reeditada muitas vezes, não mudou de forma expressiva esse cenário. Os eventos de educação médica continuada sobre o assunto têm pouca procura e também resultam em pouca mudança na prática. Mais do que informação, é necessária uma conscientização da importância do problema e do grau de sofrimento dos pacientes, assim como da repercussão que a dor crônica traz para suas vidas”, enfatiza Caponero.
O Consenso Brasileiro de Dor tem apoio da Mundipharma, empresa que desde 2013 tem presença no Brasil.
Referências:
http://www.sboc.org.br/wp-content/uploads/2014/10/Treatment-Algorithm-Cancer-Pain-P%C3%B3s-Revis%C3%A3o.pdf