Onconews - Vacina contra HPV e lesões cervicais de alto grau

Nota2_Diversos_HPV_2_OK.jpgAs taxas de lesões cervicais de alto grau, que predispõem ao câncer do colo do útero, diminuíram significativamente em mulheres jovens nos Estados Unidos, desde a introdução da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV). É o que sugere estudo liderado por Susan Hariri, do U.S. Center for Disease Control and Prevention, em Atlanta, Georgia.

Os pesquisadores analisaram os dados de 9.119 lesões cervicais no período de 2008 a 2012, logo após a introdução da vacina contra o HPV nos Estados Unidos, para acompanhar o impacto da política de vacinação. Os dados mostraram quedas uniformes e significativas em todo o país nas lesões cervicais de alto grau em mulheres jovens, com idades entre 18 a 20 anos e, em menor medida, em mulheres entre 21 e 24 anos.

Hariri observou que lesões cervicais de alto grau são assintomáticas e só podem ser detectadas através de rastreio de rotina. No entanto, como as recomendações de triagem sofreram mudanças durante o período do estudo, os pesquisadores também analisaram as tendências na utilização do rastreio do câncer do colo do útero. “O rastreio já não é recomendado em mulheres abaixo de 21 anos e encontramos declínios substanciais na triagem de mulheres nessa faixa etária”, lembrou a líder da investigação. Na Califórnia, por exemplo, a taxa de incidência caiu de 94 por 100 mil mulheres em 2008 para cinco por 100.000 mulheres em 2012 nesse grupo etário.No grupo de 21 a 24 anos, a queda na detecção das lesões de alto grau foi muito menor, o que é consistente com achados de outros estudos internacionais. "O decréscimo nas taxas de lesões de alto grau neste grupo reflete as mudanças na triagem, mas também pode ser parcialmente devido à vacinação contra o HPV”, acrescentou Hariri.

Devido à evolução das recomendações, o rastreio do câncer do colo do útero também diminuiu de 2008 a 2012, em particular entre as mulheres mais jovens, entre 18 e 20 anos. "A razão para a mudança nas recomendações de triagem é baseada em fortes evidências de que algumas lesões cervicais associadas ao HPV podem cursar sem intervenção médica, especialmente em mulheres com idade inferior a 21 anos", disse Hariri. "Além disso, o câncer cervical é raro em mulheres jovens e, em geral, leva anos para que lesões de alto grau possam evoluir para o câncer."

Os dados australianos são mais robustos que os norte-americanos e também indicam que a vacina reduz as lesões cervicais de alto grau. "Nós continuaremos a monitorar e analisar os anos subsequentes, a fim de interpretar esses resultados com mais precisão", concluiu a pesquisadora.

Em editorial de Harinder Brar e Allan Covens, da Universidade de Toronto, o periódico Cancer, da American Cancer Society, disse que o estudo é importante porque é o primeiro a olhar para as tendências de incidência de lesões cervicais de alto grau na era pós-vacinação nos Estados Unidos.
 
Referências:
Reduction in HPV 16/18-associated high grade cervical lesions following HPV vaccine introduction in the United States – 2008–2012
Susan Hariri et al

http://ceip.us/wordpress/wp-content/uploads/2015/03/2015_Hariri_Redux_in_HPV_16-18_associated_high_Grade_cervical_lesions_following_HPV_Vaccine_intro_in_the_US.pdf