Onconews - Vacina contra o câncer mostra resultados de sobrevida

vacina 23Em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado, positivo para antígeno leucocitário humano (HLA)-A2, sem alterações acionáveis e com resistência secundária à imunoterapia, a vacina anticâncer OSE2101 aumentou a sobrevida comparada à quimioterapia, como demonstra estudo de Besse et al.

Pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) tratados com inibidores de checkpoint imune (ICIs) progridem rapidamente (resistência primária) ou após benefício duradouro (resistência secundária). A vacina contra o câncer OSE2101 em o potencial de revigorar a resposta imune antitumoral após falha a ICI.

Neste estudo (ATALANTE-1), o objetivo foi avaliar a eficácia e segurança de OSE2101 em comparação com a quimioterapia padrão. Foram inscritos pacientes com CPCNP avançado positivo para (HLA)-A2 sem alterações acionáveis, que falharam à quimioterapia sequencial ou concomitante e a ICI.

Os pacientes elegíveis foram randomizados (2: 1) para OSE2101 ou quimioterapia padrão (docetaxel ou pemetrexede). O endpoint primário foi a sobrevida global (SG). Em abril de 2020, os pesquisadores decidiram interromper prematuramente a inscrição em função da pandemia de COVID-19. A análise final foi realizada em todos os pacientes e no subgrupo com resistência secundária a ICI, definida como falha após segunda linha de monoterapia com ICI ≥12 semanas.

Foram elegíveis 219 pacientes, randomizados para OSE 2101 (n=139) ou quimioterapia padrão (n= 80); 118 tiveram resistência secundária a ICI sequencial. No geral, a SG mediana favoreceu não significativamente a vacina OSE2101 em relação à quimioterapia padrão {razão de risco (HR) [intervalo de confiança de 95% (IC)] 0,86 [0,62-1,19], P = 0,36}.

No subgrupo de resistência secundária, OSE2101 melhorou significativamente a SG mediana versus quimioterapia [11,1 versus 7,5 meses; HR (IC 95%) 0,59 (0,38-0,91), P = 0,017] e melhorou significativamente a sobrevida pós-progressão (HR 0,46, P = 0,004), o tempo para deterioração do status de desempenho (ECOG) (HR 0,43, P = 0,006) e o estado de saúde global avaliado pelo Quality of Life Questionnaire Core 30 (QLQ-C30) comparado à quimioterapia (P = 0,045). As taxas de controle da doença em seis meses e a sobrevida livre de progressão foram semelhantes entre os grupos. Efeitos adversos de grau ≥3 ocorreram em 11,4% dos pacientes com OSE2101 e 35,1% em SoC (P = 0,002).

“Em pacientes HLA-A2 positivos com CPCNP avançado e resistência secundária à imunoterapia, a vacina OSE2101 aumentou a sobrevida com melhor segurança comparada à quimioterapia”, concluem os autores, recomendando estudos adicionais nesta população de pacientes.

A nova vacina contra câncer OSE2101 demonstrou melhora da SG em relação à quimioterapia padrão (docetaxel ou pemetrexede), com aumento de 3,6 meses na mediana de SG, sem impactar negativamente a qualidade de vida. Esses dados indicam que estratégias poupadoras de quimioterapia são viáveis e seguras na população com resistência secundária a ICI.

Os autores destacam que, apesar dos avanços recentes no câncer de pulmão, quase metade dos pacientes tratados com ICI não responde inicialmente a esta estratégia (resistência primária) e, além disso, um subgrupo de pacientes que inicialmente responde acaba desenvolvendo resistência secundária.

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência: Randomized open-label controlled study of cancer vaccine OSE2101 versus chemotherapy in HLA-A2-positive patients with advanced non-small-cell lung cancer with resistance to immunotherapy: ATALANTE-1 - B. Besse; E. Felip; R. Garcia Campelo; R. Dziadziuszko; G. Giaccone; on behalf of the ATALANTE-1 study group. Published: September 11, 2023. DOI:https://doi.org/10.1016/j.annonc.2023.07.006