Homens com sobrepeso/obesidade diagnosticados com câncer de próstata (CaP) e submetidos à vigilância ativa alcançaram com sucesso as metas de perda de peso através de uma intervenção baseada no estilo de vida, mostrando que uma estratégia reprodutível resultou em melhorias nos biomarcadores de regulação da glicose associados à progressão do CaP. Os dados são de estudo randomizado (Prostate Cancer Active Lifestyle Study - PALS) e foram publicados na Cancer. “Quando individualizamos o tratamento e quando existe um programa a ser seguido, os resultados são excelentes”, diz o oncologista Eduardo Zucca (foto), que comenta o estudo.
A vigilância ativa (VA) é cada vez mais utilizada para monitorar pacientes com câncer de próstata (CaP) de menor risco. O Prostate Cancer Active Lifestyle Study (PALS) foi um ensaio clínico randomizado que buscou determinar se a perda de peso melhora os biomarcadores da obesidade na via causal para a progressão em pacientes com CaP em vigilância ativa.
Foram recrutados homens com sobrepeso/obesidade (índice de massa corporal >25 kg/m2) com diagnóstico de CaP em VA. Os autores descrevem que a intervenção consistiu em um programa estruturado de 6 meses de dieta e exercícios adaptado do Programa de Prevenção de Diabetes, administrado individualmente, com a meta de perda de peso de 7% desde o início do estudo.
O grupo controle participou de uma sessão de revisão das Diretrizes Dietéticas e de Atividade Física dos EUA. O endpoint primário foi a mudança na regulação da glicose desde o início até o final da intervenção de 6 meses, que foi medida pela glicose plasmática em jejum, peptídeo C, insulina, fator de crescimento semelhante à insulina-1, proteína de ligação ao fator de crescimento semelhante à insulina-3, adiponectina e avaliação do modelo homeostático para resistência à insulina.
Entre 117 homens randomizados, 100 completaram o estudo. Os resultados mostram que a porcentagem média de perda de peso foi de 7,1% e 1,8% nos braços de intervenção e controle, respectivamente (diferença média ajustada entre grupos, -6,0 kg; intervalo de confiança de 95%, -8,0, -4,0). “As alterações percentuais médias da linha de base para insulina, peptídeo C e avaliação do modelo homeostático para resistência à insulina no braço de intervenção foram -23%, -16% e -25%, respectivamente, em comparação com +6,9%, +7,5% e +6,4%, respectivamente, no braço controle (todos p para efeitos de intervenção ≤ 0,003)”, descreve a análise. Não foram detectadas diferenças significativas entre os braços para os outros biomarcadores.
Em conclusão, homens com sobrepeso/obesidade com CaP submetidos à vigilância ativa que participaram de uma intervenção de perda de peso baseada no estilo de vida alcançaram as metas de perda de peso com esta intervenção de estilo de vida reprodutível e experimentaram melhorias nos biomarcadores de regulação da glicose associados à progressão do câncer de próstata.
“Ter um programa efetivo no combate à obesidade e sobrepeso mostra resultados muito superiores em relação à diminuição de peso que somente orientação, o que nos faz refletir na prática clínica como estamos lidando com nossos pacientes”, diz Zucca, diretor de ensino e pesquisa do Instituto do Câncer Brasil, destacando que tais resultados de mudanças de hábitos podem interferir no desfecho de pacientes com câncer de próstata.
Referência: The Prostate Cancer Active Lifestyle Study (PALS): A randomized controlled trial of diet and exercise in overweight and obese men on active surveillance. Jonathan L. Wright MD, MS, Jeannette M. Schenk PhD, RD, Roman Gulati MS, Sarah J. Beatty RD, Matthew VanDoren BS, Daniel W. Lin MD, Michael P. Porter MD, MS. First published: 14 February 2024 https://doi.org/10.1002/cncr.35241