Onconews - Vitamina D e redução de risco no câncer de mama

A vitamina D tem sido considerada um fator de proteção contra o câncer de mama, mas sua relação com qualquer aspecto da doença permanece controversa. Estudo clínico realizado no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, indicou associação significativa entre níveis mais baixos de vitamina D e câncer de mama, achado que persistiu após análise multivariada (p<0,001). O trabalho tem como primeira autora a médica Talita Siemann Santos Pereira e participação do oncogeneticista José Claudio Casali da Rocha (foto).

Neste estudo, foram consideradas 141 mulheres diagnosticadas com câncer de mama e 239 mulheres no grupo controle, com idades médias de 43,1 e 41,7 anos, respectivamente (p=0,103), inscritas entre 2015 e 2018. Os níveis séricos de vitamina D e o perfil lipídico foram medidos. Os dados clínicos e nutricionais foram obtidos por meio de entrevistas e prontuários médicos.

Os resultados foram relatados na Breast Care e mostram que a dosagem de vitamina D apresentou um valor médio de 25,5 ng/ml e 31,0 ng/ml nos grupos caso e controle, respectivamente (p<0,001). O ponto de corte de vitamina D para discriminar a presença de câncer de mama foi de 27,45 ng/ml. Além disso, os autores descrevem que os níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade foram maiores no grupo de casos (121,4 mg/dL) em comparação ao grupo controle (110,7 mg/dL) (p=0,002), enquanto os níveis de colesterol de lipoproteína de alta densidade foram menores no grupo de casos (47,6 mg/dL) em relação ao grupo controle (53,3 mg/dL) (p=0,001). O consumo de álcool foi significativamente maior no grupo de casos vs controle (2,7 vs. 5,3 doses/dia; p<0,001).

Os resultados indicam associação significativa entre níveis mais baixos de vitamina D e câncer de mama, persistindo após análise multivariada (p<0,001). Para os autores, esses achados podem informar estratégias de prevenção, destacando a importância de manter níveis adequados de vitamina D e potencialmente identificar um grupo de risco.

A análise de Casali e colegas lembra que o câncer de mama continua sendo uma preocupação global de saúde e supera a incidência de cânceres de pele não melanoma. “Aproximadamente um sexto de todas as mortes relacionadas ao câncer entre mulheres são atribuídas ao câncer de mama, tornando-o a principal causa de morte em 110 países. Apesar da detecção precoce e do progresso do tratamento, novos casos de câncer de mama mostraram pouca mudança nas últimas duas décadas”, sublinha a publicação, reafirmando a urgência de identificar estratégias eficazes para mitigar os fatores de risco.  

Neste estudo conduzido em Curitiba, conhecida como a capital mais fria do Brasil e entre as com menos horas de sol por mês, mulheres com níveis de vitamina D abaixo de 27,45 ng/mL foram mais frequentemente associadas ao grupo de câncer de mama do que aquelas com níveis acima desse valor.

Além de Talita Siemann Santos Pereira, da PUC Paraná, e de José Claudio Casali da Rocha, oncogeneticista do Hospital Erasto Gaertner e do AC Camargo Cancer Center, em São Paulo, o estudo contou com a participação dos pesquisadores Steffanni Sayala Andrade Marques (PUC Paraná, Curitiba), Marcia Olandoski (PUC Paraná, Curitiba), Camila Brandão Polakowski (Hospital Erasto Gaertner), Olair Carlos Beltrame (Hospital Erasto Gaertner) e Selene Elifio-Esposito (PUC Paraná), que assina como autora correspondente.

Referência:

Breast Care , DOI: 10.1159/000539750