Em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista André Murad destaca a expansão e ativação das células assassinas naturais (do inglês, NK – Natural Killers) para a imunoterapia. Confira.
Por André Marcio Murad*
As células “assassinas” naturais (NK) são um componente importante do sistema imunológico inato que fornecem respostas antitumorais e antivirais poderosas. No campo da imunoterapia, a expansão e ativação in vitro de células NK são etapas essenciais para garantir números de células suficientes e função aprimorada para aplicações clínicas. Avanços recentes tornaram esses processos mais eficientes e escaláveis.
1. Tecnologia de expansão in vitro
A expansão in vitro envolve o cultivo de células NK do sangue periférico, sangue do cordão umbilical ou células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs). Os pesquisadores usam células alimentadoras, citocinas ou ambas para estimular a proliferação. Citocinas como interleucina-2 (IL-2), interleucina-15 (IL-15) e interleucina-21 (IL-21) são particularmente eficazes na promoção da expansão de células NK, mantendo sua atividade citotóxica. As células alimentadoras são frequentemente modificadas geneticamente para fornecer sinais de estimulação adicionais, aumentando o rendimento e a função das células NK. Além disso, tecnologias avançadas como biorreatores permitiram que as células NK fossem expandidas em larga escala e usadas na clínica.
2. Estratégias de ativação
As células NK ativadas exibem maior citotoxicidade e produzem mais perforinas e granzimas, que são essenciais para matar tumores e células infectadas. As estratégias de ativação incluem pré-tratamento com citocina e engenharia genética. Citocinas como IL-15 podem não apenas expandir, mas também ativar células NK, melhorando assim sua persistência e capacidade de atingir células cancerígenas. Além disso, modificações genéticas como engenharia de receptor de antígeno quimérico (CAR) fornecem às células NK maior especificidade e capacidades de reconhecimento.
Vantagens terapêuticas
Porque as células NK expandidas e ativadas são capazes de mostrar melhor persistência, melhor formação de sinapses imunológicas e maior resistência a ambientes imunossupressores in vivo. Portanto, essas características as tornam particularmente eficazes na imunoterapia para câncer, doenças infecciosas e até mesmo doenças autoimunes.
No geral, ao otimizar a expansão e ativação das células NK, os pesquisadores estão criando uma plataforma poderosa para desenvolver terapias baseadas em células NK escaláveis e eficazes, trazendo esperança para tratamentos inovadores e eficazes.
*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da Clínica OncoLavras