Em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista André Murad (foto) explica as fusões do gene NRG1, que representam um novo alvo oncogênico em diferentes tipos de tipos de câncer, especialmente no adenocarcinoma mucinoso invasivo pulmonar.
Por André Murad*
O NRG1 é um gene que contém um fator de crescimento epidérmico como um domínio que se liga ao ERBB3 ou ERBB4 para ativar as vias de sinalização do ERBB. As fusões do gene NRG1 clinicamente acionáveis que podem funcionar como alvos oncogênicos foram identificadas em vários tipos de tumores, incluindo câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP). Esses eventos genômicos podem gerar proteínas que retêm o domínio extracelular do tipo EGF do NRG1 e o domínio transmembrana do parceiro de fusão específico.
As fusões de NRG1 têm uma prevalência estimada de cerca de 0,2% em vários tumores sólidos, mas a prevalência no adenocarcinoma mucinoso invasivo pulmonar pode chegar a 31%.
Dessa forma, as fusões do gene NRG1 representam um novo alvo oncogênico em diferentes os tipos de câncer. O afatinibe, um bloqueador irreversível da família pan-ErbB, pode representar uma opção terapêutica viável para adenocarcinoma pulmonar associado ao NRG1. Devido ao envolvimento de vias de sinalização ErbB em CPCNP que apresentam fusões de NRG1, o afatinibe pode representar uma opção terapêutica viável nesse cenário.
Em um estudo recente, Duruisseaux e colegas descreveram quatro casos de tratamento com afatinibe em pacientes com adenocarcinoma pulmonar avançado e com fusões variadas em NRG1. Houve respostas tumorais consistentes em todos os casos.
*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da CETTRO Oncologia (DF)