O oncologista André Murad (foto) discute estudo publicado na Nature que utilizou o sequenciamento do genoma completo de 2.023 amostras de pacientes com câncer colorretal para avaliar a diversidade molecular da doença. Confiram, em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’.
Por André Marcio Murad*
O câncer colorretal (CCR) não é uma doença única, mas uma coleção complexa de subtipos com assinaturas genômicas únicas. Um estudo recente publicado na Nature utilizando o sequenciamento do genoma completo de 2.023 amostras de pacientes portadores de CCR lança luz sobre sua diversidade molecular. Os pesquisadores identificaram 4 novos subgrupos de CCRs estáveis por microssatélites com características genômicas distintas e associações prognósticas variadas.
Este estudo demonstra:
1 - Um espectro de perfis mutacionais do CCR que refletem diferenças etiopatogênicas;
2 - O papel da Escherichia colipks+ colibactina no CCR;
3 – A importância da assinatura SBS931, sugerindo que dieta e tabagismo são importantes fatores de risco;
4 - Mutações em alvos direcionadores (“drivers”) de escape imunológico são quase onipresentes em tumores hipermutantes e ocorrem em cerca de metade dos CCRs estáveis por microssatélites, frequentemente na forma de alterações no número de cópias de HLA;
5 - Muitas mutações “drivers” são terapeuticamente acionáveis, incluindo aquelas associadas a subgrupos raros (por exemplo, BRCA1 e IDH1), destacando-se o papel do sequenciamento do genoma completo na otimização do planejamento terapêutico personalizado dos pacientes.
*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da CETTRO Oncologia (DF)