Os pacientes com câncer de pulmão que desenvolvem resistência ao tratamento com gefitinibe não se beneficiam com a continuidade do tratamento em adição à quimioterapia após progressão da doença. A conclusão foi apresentada na ESMO pelo estudo randomizado de fase III IMPRESS, que comparou a continuação de gefitinibe mais quimioterapia contra apenas quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão com EGFR mutado.
"Este estudo foi projetado para resolver um problema muito debatido: se os inibidores de tirosina quinase devem ser mantidos após a progressão", disse o primeiro autor do IMPRESS, o professor Tony Mok, do Departamento de Oncologia Clínica da universidade chinesa de Hong Kong. "Como o resultado não demonstrou nenhuma diferença na sobrevida livre de progressão, o tratamento padrão é a quimioterapia isoladamente", esclareceu.
O IMPRESS incluiu 265 pacientes de 71 centros na Europa e na região Ásia-Pacífico, que receberam quimioterapia mais gefitinibe (G = 133) ou placebo (P = 132). O objetivo do estudo, de aumentar a mediana de sobrevida livre de progressão, não foi alcançado, com 5,4 meses em ambos os braços ([HR] 0,86; 95% intervalo de confiança [IC] 0,65-1,13, p = 0,273)."Isso precisa ser acompanhada de perto no futuro", disse Mok.
Para Marina Garassino, do Instituto Nacional do Câncer de Milão, os resultados foram "muito robustos e confiáveis e devem ajudar os médicos em sua prática clínica diária", acredita. A especialista reforçou a recomendação de rebiopsiar os pacientes que progridem ao tratamento com inibidores de tirosina-quinase, o que segundo ela pode ajudar a compreender o mecanismo subjacente à resistência. "Novas gerações de agentes estão se tornando agora disponíveis para mutações específicas, com resultados muito promissores. No futuro será possível personalizar novos tratamentos para esses pacientes", prevê.
A oncologista brasileira Clarissa Mathias também destaca a importância da investigação. “Este estudo mostra, de forma contundente, o manejo dos pacientes mutados que progridem em uso de inibidor de tirosina quinase, reforçando a indicação de quimioterapia isolada na ausência de disponibilidade de inibidores irreversíveis”, acrescentou.
Referências: Abstract: LBA2_PR
Gefitinib/chemotherapy vs chemotherapy in epidermal growth factor receptor (EGFR) mutation-positive non-small-cell lung cancer (NSCLC) after progression on first-line gefitinib: the Phase III, randomised IMPRESS study
T.S.K. Mok1, Y. WU2, K. Nakagawa3, S. Kim4, J. Yang5, M. Ahn6, J. Wang7, JC Yang8, Y. LU9, S. Atagi10, S. Ponce11, X. Shi12, A. Webster13, H . Jiang12, JC. Soria14