Estudo liderado pelo oncologista Pedro Nazareth Aguiar (foto), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apresentado na ASCO 2017 no dia 5 de junho, discutiu a sustentabilidade de incorporar a moderna imuno-oncologia na assistência oncológica no Brasil.
{jathumbnail off}A imunoterapia foi eleita pela ASCO como o avanço mais importante em oncologia nos últimos dois anos consecutivos. No entanto, os custos dos inibidores de checkpoint imune são uma limitação à sua incorporação em vários países, incluindo o Brasil. O objetivo deste estudo é estimar o impacto econômico da imunoterapia e fazer sugestões para melhorar o acesso dos pacientes que mais se beneficiam com o tratamento.
O estudo avaliou os dados da epidemiologia do câncer no Brasil e dados da literatura internacional para estimar o número de pacientes elegíveis a cada ano. Os autores estimaram o impacto econômico de acordo com os custos de aquisição de medicamentos convertidos em dólares norte-americanos. A duração mediana do tratamento baseou-se nos ensaios clínicos.
Foram avaliados 3 agentes diferentes (e um combo) para 7 diferentes indicações. Os resultados estão resumidos na tabela abaixo.
Em conclusão, os dados mostram que o custo atual dos inibidores de checkpoint imune é proibitivo no sistema de saúde pública no Brasil. Enquanto o PIB per capita do país é 78% menor do que o dos EUA, os inibidores de checkpoint imune têm preços semelhantes em ambos os países. A seleção de biomarcadores, a posologia e os medicamentos de menor custo ajudam a diminuir o impacto econômico total da terapia. A discriminação de preços e os descontos por volume ajudariam a melhorar o acesso. Estudos e discussões adicionais com todas as partes interessadas são necessários para identificar os pacientes que se beneficiam mais e implementar estratégias para aumentar o acesso a essas terapias potencialmente vitais.
“É gratificante ver a ASCO se interessar por aspectos econômicos, ainda mais se tratando de uma análise regional de um país em desenvolvimento como o Brasi”, avalia Pedro. “O estudo é importante por mostrar o alto impacto econômico da imunoterapia no Brasil. Com os custos atuais dos medicamentos, a incorporação torna-se praticamente impossível no cenário público e extremamente comprometida no cenário suplementar”, avalia. Além de opções como a seleção dos pacientes que terão maior benefício, através de biomarcadores, além de descontos no preço final, o oncologista ilustra outros caminhos para viabilizar o acesso. “Claro que muitas outras opções, como risco compartilhado, custeio variável pela eficácia e co-participação ainda são possíveis, mas no Brasil não temos leis favoráveis à incorporação de opções como essas”, observa.
Poster Board: #434 • Abstract 6612
Economic impact of immune checkpoint inhibitor therapy in Brazil and strategies to improve access.
Pedro Nazareth Aguiar, MD, MSc - First Author
Federal University of São Paulo (UNIFESP)
Leia mais: KAMILLA: TDM-1 no câncer de mama HER2
Oncogenética no câncer de ovário platino-resistente
Imunoterapia no câncer de células renais metastático
Variações regionais e sobrevida global no câncer renal
Estudo mostra ganho de sobrevida no câncer de cabeça e pescoço
Genes de suscetibilidade ao câncer de mama
Presença brasileira na ASCO 2017
Prevenção e gestão do câncer: um desafio global
Presença brasileira na ASCO
ASCO 2017