Um estudo exploratório analisou o conteúdo de mais de 6 mil tweets e retweets sobre câncer de mama durante uma semana e demonstrou que a maioria dos usuários compartilha informações sobre estilo de vida, prevenção e conscientização da doença. Os resultados do estudo serão apresentados segunda-feira, 22 de outubro, na sessão de pôster do Congresso ESMO 2018.
"Muitos dos nossos pacientes utilizam as mídias sociais para procurar informações sobre sua doença. Como provedores de cuidados, nós precisamos saber que tipo de conteúdo eles encontram. Ao mesmo tempo, o grande volume de posts no Twitter representa um rico conjunto de dados que podemos usar para avaliar atitudes e discursos relacionados ao câncer", afirmou Rodrigo Sánchez-Bayona, oncologista da Clinica Universidad de Navarra em Pamplona, Espanha, e primeiro autor do estudo.
Para esta análise, todos os tweets postados com a hashtag #BreastCancer durante um período de sete dias foram coletados e categorizados de acordo com seu conteúdo (médico vs não médico; se médico, apropriado vs inadequado), objetivo (experiência do paciente, experiência dos familiares, propaganda, conteúdo científico, angariação de fundos e defesa do paciente), informações do usuário (conta pessoal versus instituição ou conta pública) e se demonstravam uma atitude estigmatizante em relação ao câncer de mama.
Os tweets também foram agrupados em quatro subtemas: diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção (estilo de vida e outros fatores de risco). O estudo foi parte de um projeto maior e multidisciplinar para observar a presença de diferentes doenças nas redes sociais. Em 2014, descobrimos que o câncer era a patologia mais citada no Twitter no mundo. Os pesquisadores decidiram examinar especificamente o câncer de mama, um dos três tumores mais comuns em todo o mundo e a principal causa de mortes por câncer em mulheres.
Os dados coletados incluíram 6341 tweets (3703 originais e 2638 re-tweets). Ao analisar os tweets originais, apenas 31% tinham conteúdo médico e, nestes, 90% foram considerados como tendo conteúdo adequado. Uma atitude estigmatizante em relação ao câncer foi identificada em 14,8% dos tweets classificados como conteúdo não médico. 60% dos tweets vieram de contas privadas e 40% de instituições ou contas públicas. A maioria dos tweets veio das experiências dos pacientes (30,7%), seguidos pela defesa do paciente (25,3%). Ao considerar subtemas, o tema mais comum foi a prevenção do câncer (44,5%).
"Embora seja interessante investigar mais a fundo os perfis dos usuários mais ativos na discussão sobre o câncer, essas descobertas iniciais podem ser úteis em si mesmas, em particular para organizações de advocacy criarem conteúdo médico relevante e aconselhamento mais acessível sobre a doença”, observou Sánchez-Bayona.
Referência: 360P_PR - Breast cancer in Twitter: A real-world data exploratory study será apresentado por Rodrigo Sánchez-Bayona durante a Poster Display Session – segunda-feira, 22 de outubro, 12:45-13:45 (CEST) - Poster Area Networking Hub - Hall A3. Annals of Oncology, Volume 29 Supplement 8 October 2018