A oncologista Rachel Riechelmann (foto) apresentou na Sessão Educacional do ASCO 2023 uma revisão da literatura sobre neoplasias neuroendócrinas pancreáticas e do intestino delgado funcionantes e não funcionantes, discutindo estratégias para abordar os cenários mais desafiadores observados na prática clínica, incluindo sequenciamento de agentes, tratamento da síndrome carcinoide e opções para doença de alto grau bem diferenciada. “As neoplasias neuroendócrinas (NENs) compreendem um grupo raro e heterogêneo de cânceres. Pacientes com NENs podem apresentar sintomatologia e curso clínico variáveis, tornando o manejo da doença desafiador”, afirmam os autores em artigo publicado no ASCO Educational Book 2023.
Histologicamente, NENs são cânceres epiteliais com expressão imuno-histoquímica de marcadores neuroendócrinos e mais comumente se originam dos pulmões ou do trato gastroenteropancreático (GEP). Quase metade dos pacientes apresenta doença metastática sincrônica. A abordagem terapêutica baseia-se no diagnóstico e estadiamento precisos e na avaliação clínica das síndromes genéticas e/ou hormonais relacionadas à neoplasia neuroendócrina. “Tal complexidade reforça a necessidade de equipes de discussão multidisciplinares (MDTs) de especialistas em NEN para propor os melhores planos de tratamento”, esclarecem os autores.
Embora o número de opções terapêuticas para NENs avançadas esteja evoluindo, pela sua raridade e curso frequentemente mais indolente, os ensaios clínicos randomizados de NENs podem levar tempo para atingir o número alvo de eventos e, portanto, ser insuficientes para fornecer resultados precisos. Consequentemente, existem poucos estudos randomizados de NENs, e evidências robustas para orientar o sequenciamento do tratamento para NENs são limitadas.
No artigo, Riechelmann e colegas defendem que a tomada de decisão clínica deve considerar as características do paciente, características relacionadas à neoplasia neuroendócrina e toxicidades do tratamento. A observação ou os análogos da somatostatina (SSAs) são opções razoáveis para NENs GEP avançados, oligoprogressivos, não funcionais e de baixa carga, enquanto os SSAs podem ajudar a maioria dos pacientes com NENs funcionais. Pacientes com doença de alto grau obtêm maior benefício com a quimioterapia.
“As evidências sobre o sequenciamento do tratamento para pacientes com NENs GEP de baixo e alto grau são limitadas. No entanto, há conhecimento de alta qualidade em evolução sobre a utilidade da terapia dirigida ao fígado, quimioterapia, radionuclídeo receptor de peptídeo e agentes agnósticos tumorais. Espera-se que futuros ensaios em andamento definam melhor as estratégias de sequenciamento terapêutico para pacientes com NEN”, concluem os autores.
Referência: Therapy Sequencing in Patients With Advanced Neuroendocrine Neoplasms - Rachel P. Riechelmann, Rodrigo G. Taboada, Victor Hugo F. de Jesus, Michael Iglesia, and Nikolaos A. Trikalinos DOI: 10.1200/EDBK_389278 American Society of Clinical Oncology Educational Book 43 (May 31, 2023)