Durante a pandemia de COVID-19, o uso profilático primário do fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF) em pacientes com tumores geniturinários submetidos à quimioterapia reduziu significativamente as taxas de neutropenia febril e hospitalizações e pode ser uma estratégia custo-efetiva nessa população de pacientes. Os resultados são de revisão retrospectiva selecionada para apresentação em pôster no ASCO GU 2023. O oncologista brasileiro Carlos Stecca (foto) é coautor do trabalho.
Para mitigar os riscos de neutropenia associada à quimioterapia, durante a pandemia de COVID-19, todos os pacientes com câncer geniturinário tratados com quimioterapia no Princess Margaret Cancer Center receberam profilaxia primária com fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF).
Os pesquisadores realizaram uma revisão retrospectiva de pacientes com câncer GU em tratamento com quimioterapia curativa ou paliativa, com ou sem profilaxia primária de GCSF, atendidos na instituição entre janeiro de 2018 e junho de 2022. O GCSF foi administrado em dose única ou em doses consecutivas após a quimioterapia. Os principais resultados foram a incidência de neutropenia febril, hospitalização, despesas com cuidados de saúde, bem como resultados específicos da doença.
Resultados
No geral, foram identificados 248 pacientes com câncer de próstata (44%), câncer urotelial (33%), células germinativas (21%) e tumores GU raros (4%). A mediana de idade foi de 70 anos (intervalo 19-91), 92% eram do sexo masculino, 65% eram ECOG 0/1. A intenção do tratamento foi neoadjuvante (13%), adjuvante (20%) ou paliativo (67%). Os principais esquemas utilizados foram docetaxel, cabazitaxel, carboplatina, cisplatina/etoposido, gemcitabina/cisplatina e BEP. O seguimento médio foi de 10,5 meses (0,23-52,3 meses). Um total de 206 de 248 pacientes recebeu profilaxia primária com G-CSF.
Durante a quimioterapia, os níveis medianos de glóbulos brancos foram maiores no grupo G-CSF em comparação com o grupo não-GCSF (14,1*10*9/L vs 2,90*10*9/L, p<0,0001); e as taxas de neutropenia foram marcadamente mais baixas (2% vs. 93%, P=<0,0001). As taxas de internação hospitalar foram significativamente menores em usuários de G-CSF em comparação com não usuários (19% vs. 69%, P<0,0001). A progressão sintomática da doença (13%) foi a principal causa de internação no grupo G-CSF. Causas infecciosas como ITU, pneumonia, COVID-19 e sepse foram observadas em apenas 12% do grupo G-CSF em comparação com 31% nos não usuários. O G-CSF foi geralmente bem tolerado com apenas 0,97% de descontinuação.
“O uso profilático primário de G-CSF em pacientes com câncer GU submetidos à quimioterapia reduziu significativamente as taxas de neutropenia febril e hospitalizações e custos de saúde e melhorou os resultados gerais em comparação com pacientes com câncer GU tratados com quimioterapia sem GCSF nos 2 anos anteriores à pandemia. Nossos resultados sugerem que a estratégia pode ser custo-efetiva nessa população de pacientes e merece mais estudos”, concluíram os autores.
Referência: A retrospective review of primary prophylaxis with granulocyte-colony stimulating factor (G-CSF) for patients with genitourinary malignancies receiving chemotherapy during the COVID-19 pandemic and implications for the future.
First Author: Nely Mercy Diaz Mejia, MD, MSc
Meeting: 2023 ASCO GU Cancers Symposium
Session Type: Poster Session
Session Title: Poster Session A: Prostate Cancer
Track: Prostate Cancer- Advanced
Subtrack: Quality of Care/Quality Improvement and Real-World Evidence
Abstract #: 115