O ensaio PACIFIC-6 mostrou no ESMO 2023 resultados de eficácia e segurança de durvalumabe no câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) em pacientes com doença estágio III que não são elegíveis para quimiorradioterapia concomitante. “A eficácia foi superior aos dados históricos de pacientes tratados com quimiorradioterapia sequencial e semelhante àquela observada com durvalumabe no estudo PACIFIC”, diz Luiz Henrique Araújo (foto), diretor regional de Oncologia da DASA, que analisa os principais achados.
No ensaio de fase 3 PACIFIC, controlado por placebo, durvalumabe após quimiorradioterapia concomitante (cCRT) melhorou significativamente a sobrevida em pacientes com CPCNP em estágio III irressecável, com segurança gerenciável. “Esse benefício levou à aprovação mundial de durvalumabe. Porém, no dia a dia, muitos pacientes têm limitações para a quimiorradioterapia concomitante, como é o caso de pacientes com idade avançada, maior grau de fragilidade, comorbidades, volume e localização de doença ou mesmo desafios de acesso à radioterapia. É frequente que pacientes façam o uso de quimioradioterapia sequencial, o que acontece muito no Brasil”, explica Luiz Henrique.
Como muitos pacientes são considerados inadequados para cCRT, o ensaio de fase 2 PACIFIC-6 (NCT03693300) avaliou a segurança e a eficácia de durvalumabe após CRT sequencial (sCRT). No ESMO 2023, a apresentação destacou dados da análise final de eficácia e segurança.
Foram inscritos pacientes com CPCNP estágio III irressecável, com status de desempenho ECOG (PS) ≤ 2 e nenhuma progressão após sCRT à base de platina. Os pacientes elegíveis foram inscritos para receber durva 1.500 mg IV, a cada 4 semanas por até 24 meses ou até progressão, toxicidade inaceitável ou retirada do consentimento. O endpoint primário (relatado anteriormente na análise preliminar) foi a incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAEs) de grau 3 e 4 ocorrendo dentro de 6 meses. Endpoints secundários incluíram sobrevida global e sobrevida livre de progressão (SLP) avaliadas pelo investigador (RECIST v1.1) e analisadas pelo método Kaplan-Meier.
Resultados
Em 20 de março de 2023, 117 pacientes estavam inscritos. A maioria tinha PS 1/2 (59,8%; PS 1, n=67; PS 2, n=3), tinham 65 anos (65,8%; faixa etária: 39 a 85 anos) e apresentavam CPCNP estágio IIIB/IIIC (63,2%). Quase todos tinham comorbidades passadas/presentes (98,3%), principalmente distúrbios vasculares (59,0%), respiratórios (53,0%) e metabólicos (51,3%). A mediana da duração do tratamento foi de 41,0 semanas. No geral, 4,3% (IC 95%: 1,4 e 9,7) dos pacientes tiveram TRAEs de grau 3/4 em 6 meses e 6,0% tiveram TRAEs de grau 3/4 durante todo o período do estudo (1 paciente teve TRAE com desfecho óbito). A pneumonite foi a TRAE mais frequentemente relatada, de qualquer grau (17,1%) e grau 3/4 (1,7%), ocorrendo em 27,4% dos pacientes.
Em um seguimento mediano de 32,6 meses (intervalo: 4,4 e 45,7), a SG mediana foi de 39,0 meses (IC 95%: 30,6 e não calculável) e a mediana de SLP foi de 13,1 meses (IC 95%: 7,4 e 19,9). “Em 3 anos, a SG foi de 56.5% (IC 95%: 46,4 e 65,5) e em 2 anos a SLP foi de 35.3%. A taxa de resposta global foi de 24%”, destaca Araújo. “Do ponto de vista prático, os dados apresentados do PACIFIC- 6 embasam o que já é nossa prática diária, oferecer durvalumabe para aqueles pacientes que terminam quimiorradioterapia de forma sequencial, confirmando que durvalumabe de consolidação é seguro nessa população e traz resultados”, acrescenta.
Em conclusão, Durva após sCRT manteve um perfil de segurança semelhante ao observado com durva após cCRT no PACIFIC trial e demonstrou eficácia encorajadora em uma população mais frágil, apoiando o uso desta abordagem para pacientes considerados inadequados para cCRT.
Este estudo está registrado na plataforma ClinicalTrials.gov: NCT03693300.
Referência: LBA61 - Durvalumab (durva) after sequential chemoradiotherapy (CRT) in patients (pts) with unresectable stage III NSCLC: Final analysis from PACIFIC-6