Onconews - PSMAfore: 177Lu-PSMA-617 no câncer de próstata metastático resistente à castração

jose mauricio 21 bxO tratamento com o radioligante 177Lu-PSMA-617 prolongou a sobrevida livre de progressão radiológica em comparação com a troca de inibidores do receptor androgênico em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração PSMA+ virgens de taxano, com um perfil de segurança favorável. Os resultados do estudo PSMAfore foram apresentados na Sessão Presidencial 3 do ESMO 2023. “Esse estudo traz a possibilidade de realizar esse tratamento para um cenário mais precoce da doença, antes do recebimento de quimioterapia para doença metastática resistente à castração”, esclarece o oncologista José Mauricio Mota (foto).

177Lu-PSMA-617 prolongou a sobrevida livre de progressão radiológica (rPFS) e a sobrevida global em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) e terapia prévia com inibidores do receptor androgênico (do inglês, ARPI - androgen receptor pathway inhibitors) e quimioterapia com taxanos. Agora, no ESMO 2023, foram apresentados os dados do estudo PSMAfore, que avaliou a eficácia de Lu-PSMA-617 em pacientes virgens de taxano.

Eram elegíveis pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração, candidatos à troca de inibidores da via do receptor androgênico após a progressão a um ARPI anterior, com ≥1 PSMA+ e nenhuma lesão excludente de PSMA– por [68Ga]Ga-PSMA-11 PET/CT. Eram inelegíveis candidatos à inibição da PARP e pacientes com radioterapia sistêmica prévia (há <6 meses), imunoterapia (exceto sipuleucel-T) ou quimioterapia (exceto [neo]adjuvante >12 meses atrás).

A randomização foi de 1:1 para Lu-PSMA-617 open label (7,4 GBq q6w; 6 ciclos) ou alteração de ARPI (abiraterona/enzalutamida). Os pacientes randomizados para ARPI poderiam realizar o crossover para Lu-PSMA-617 após progressão radiográfica revisada centralmente (rPD). Os endpoints incluíram: rPFS (PCWG3/RECIST v1.1; primário), sobrevida global (endpoint secundário-chave) (ambos α=0,025 gerais, unilaterais), FACT-P (secundário) e ORR/DOR (exploratório).

A análise primária deveria ocorrer com aproximadamente 156 eventos de rPFS e a segunda análise interina (IA) de sobrevida global com aproximadamente 125 mortes. A análise ajustada por crossover foi o método pré-especificado para SG por tempo de falha estrutural com preservação de classificação (RPSFT).

Resultados

468 pacientes foram randomizados. Na análise primária (acompanhamento médio, 7,3 meses; n = 467), o endpoint primário de rPFS foi alcançado (HR, 0,41; 95% CI: 0,29; 0,56; p<0,0001); e foi semelhante na segunda análise interina (tabela).

Na segunda análise interina (45,1% das mortes alvo), 123de 146 (84,2%) pacientes com progressão radiográfica rPD que descontinuaram o inibidor da via do receptor androgênico realizaram o crossover; houve uma tendência positiva de sobrevida global a favor de 177Lu-PSMA-617 por RPFST, mas não por análise de sobrevida global não ajustada. FACT-P e ORR/DOR favoreceram o braço 177Lu-PSMA-617 (tabela).

Para 177Lu-PSMA-617 versus alteração de ARPI, a incidência de eventos adversos de grau ≥3 foi de 34% (mais comum: anemia, xerostomia) vs 44%. Eventos adversos graves 20% vs 28% e EAs que levam à descontinuação 5,7% vs 5,2% .

“Lu-PSMA-617 prolongou a sobrevida livre de progressão radiológica em comparação com a troca de inibidores do receptor androgênico em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração PSMA+ virgens de taxano, com um perfil de segurança favorável”, destacam os autores.

O oncologista José Mauricio Mota, professor colaborador da disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, chefe do grupo de tumores geniturinários do ICESP e oncologista da Oncologia D’Or, em São Paulo, observa que a terapia com radioligantes direcionados ao PSMA é uma importante realidade para pacientes com câncer de próstata metastático. “O estudo VISION já havia demonstrado o benefício em sobrevida livre de progressão radiográfica e sobrevida global com o uso de lutécio-PSMA em pacientes previamente tratados com quimioterapia e anti-andrógenos. Agora, o estudo PSMAfore traz a possibilidade de realizar esse tratamento para um cenário mais precoce da doença, antes do recebimento de quimioterapia para doença metastática resistente à castração”, conclui.

Tabela: LBA13

Second OS IA (DCO, 21 Jun 2023; median follow-up, 15.9 months)

177Lu-PSMA-617 (N=234)

ARPI change (N=234)

Cycles, median (range)

6.0 (1–6)

rPFS a

  

Events, n (%)

115 (49.1)

168 (71.8)

Median (95% CI), months

12.02 (9.30, 14.42)

5.59 (4.17, 5.95)

HR (95% CI), p

0.43 (0.33, 0.54), <0.0001

 

TTW in FACT-P Total b

  

Events, n (%)

167 (71.4)

187 (79.9)

Median (95% CI), months

7.46 (6.08, 8.51)

4.27 (3.48, 4.53)

HR (95% CI)

0.59 (0.47, 0.72)

 
 

N=105

N=103

ORRc, % (95% CI)

41.9 (32.3, 51.9)

12.6 (6.9, 20.6)

 

N=44

N=13

DORc, median (95% CI), months

17.1 (11.6, NE)

10.1 (4.6, NE)

aRadiographic progression or death bTime to worsening in FACT-P Total, clinical disease progression, or death cSoft tissue only NE, not estimable.

O estudo é financiado pela Novartis (EudraCT 2020-003969-19; NCT04689828).

Referências: LBA13 - Phase III trial of [177Lu]Lu-PSMA-617 in taxane-naive patients with metastatic castration-resistant prostate cancer (PSMAfore)