Estudo selecionado para apresentação em sessão oral no WCLC 2023 buscou avaliar a concordância na classificação entre um grupo não selecionado de patologistas em tecidos de arquivo de 50 mesoteliomas epitelioides diagnosticados entre 1991 e 2013. “Nosso estudo destaca a necessidade de harmonização das práticas de classificação desses tumores”, observam os autores.
O mesotelioma é uma doença maligna que surge nas superfícies serosas das cavidades pleural, peritoneal e pericárdica, causalmente associada à exposição ao amianto. Os fatores prognósticos incluem estágio do tumor, tipo histológico e grau. O guia de relatórios da OMS de 2021 e do ICCR de 2022 introduziu uma classificação em dois níveis para o mesotelioma epitelioide, que foi validada por especialistas pleuropulmonares e enfatiza a importância das características arquitetônicas, citológicas e estromais. “A discordância pode impactar nas opções e resultados de tratamento dos pacientes”, ressaltam.
A análise considerou tecidos de arquivo de 50 mesoteliomas epitelioides diagnosticados na SA Pathology entre 1991 e 2013, classificados retrospectivamente por dois especialistas usando os critérios atualizados da OMS de 2021 (aprovação ética HREC/19/SAC/28). Os slides digitalizados foram disponibilizados no site do QAP para classificação. Uma pesquisa foi enviada a todos os patologistas inscritos na RCPA (registradores e anatomopatologistas consultores) e grupos de interesse especial através do PPS e do International Mesothelioma interest group (iMig). A classificação incorporou atipias, contagens mitóticas, presença de necrose, grau final e características citológicas e arquitetônicas.
Resultados
Setenta e quatro patologistas participaram, mas nem todos completaram cada caso. Os valores kappa de Fleiss para concordância entre os patologistas foram 0,239 (razoável) para atipia nuclear, 0,345 para necrose, 0,289 para contagens mitóticas e 0,419 (moderado) para o grau final. (Figura 1)
Usando regressão logística, atipia grave previu um aumento de seis vezes no risco (OR=6,09, 95% CI 1,46-25,4, p=0,013), contagens mitóticas entre 2-4/10HPF previram um aumento de 3 vezes no risco (OR=3,01, 95% CI 1,21-7,54, p=0,018), enquanto a presença de necrose previu mais que o dobro do risco de alto grau (OR=2,36, 95% CI 1,12-4,96, p=0,024).
Em síntese, a baixa concordância entre os patologistas em uma série de características utilizadas para classificação destaca a discordância na classificação histopatológica do mesotelioma. “Confirmamos variações nas pontuações de classificação nuclear, características arquitetônicas e citológicas, na graduação de casos do mundo real. A atipia nuclear grave pareceu distorcer os resultados para um grau mais elevado.
Este estudo destaca a necessidade de harmonização das práticas de classificação”, concluíram os autores.
Referência: OA02.03 - Variance in Pathologists Grading of Pleural Mesothelioma - S. Prabhakaran1, L. Rask-Nielsen2, D. Moffat3, A. Hocking1, Y.D. Irani1, M. Hussey3, S. Ullah1, S. Klebe3. 1Flinders University, Adelaide, South Australia/AU ,2Women's and Children's Hospital, Adelaide, South Australia/AU ,3SA Pathology, Adelaide, South Australia/AU