Onconews - ASC4FIRST: estudo mostra que asciminib pode mudar o paradigma de tratamento na LMC  

Estudo apresentado em sessão oral no ASCO 2024 demonstrou que asciminib atingiu eficácia estatisticamente superior quando comparado a todos os inibidores de tirosina quinase disponíveis para pacientes recém-diagnosticados com leucemia mieloide crônica (LMC) em fase crônica, com perfil de segurança mais favorável. “Esta combinação de potência e segurança pode permitir que mais pacientes alcancem remissão sem tratamento, que é o objetivo final da terapia da LMC”, disse o autor principal do estudo, Timothy Hughes (foto), do South Australian Health and Medical Research Institute. O trabalho foi publicado simultaneamente na New England Journal of Medicine (NEJM).

O prognóstico de pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) melhorou significativamente com o desenvolvimento de potentes inibidores de tirosina quinase (TKIs). No entanto, aproximadamente 15‒20% dos pacientes acabam apresentando falha ao tratamento por  resistência ou intolerância à terapia com TKIs de primeira geração (imatinibe IMA) ou segunda geração (bosutinibe (BOS), dasatinibe (DAS) e nilotinibe (NILO), evidenciando a necessidade de uma abordagem terapêutica ideal.

ASC4FIRST (NCT04971226) é um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, de fase 3, que avaliou asciminib em monoterapia comparado com as terapias TKI disponíveis, conforme escolha do investigador, para pacientes adultos com LMC em fase crônica recém-diagnosticados.

Foram inscritos 405 pacientes com LMC em fase crônica, bom status de desempenho (ECOG de 0 ou 1) e sem tratamento prévio com TKI para LMC. Os pacientes elegíveis foram randomizados (1:1) para asciminib  80 mg uma vez ao dia (N = 201) ou TKI de escolha  (N= 204) em doses padrão. No braço TKI, 102 pacientes receberam imatinibe e 102 receberam TKI de segunda geração (2G). A idade média dos participantes foi de 52 anos, majoritariamente homens (65%). Cerca de 54% dos participantes eram brancos e 44% asiáticos.

Em 28 de novembro de 2023, o tratamento estava em andamento para 86% dos pacientes tratados com asciminib, 62% dos pacientes do braço imatinibe e 75% dos que recebiam TKIs de segunda geração.

Após 48 semanas, 68% dos pacientes no braço asciminib atingiram resposta molecular importante, em comparação com 49% no braço TKI (incluindo imatinibe e TKIs de segunda geração).Uma resposta molecular profunda foi observada em 39% dos pacientes no braço asciminib, em comparação com 21% no braço TKI. Pacientes que alcançam resposta molecular profunda podem ser considerados em remissão e, eventualmente. interromper o tratamento.

Em uma análise de subgrupo, pacientes que foram selecionados para receber imatinibe, mas randomizados para asciminib, foram comparados ao braço imatinibe, e 100 pacientes selecionados para um TKI de segunda geração, mas randomizados para asciminib, foram comparados ao braço TKI de segunda geração. Uma resposta molecular importante foi alcançada em 40% dos pacientes no braço imatinibe, em comparação com 69% no subgrupo asciminib correspondente. No braço TKI de segunda geração, 58% dos pacientes atingiram uma resposta molecular importante em comparação com 66% no subgrupo asciminib correspondente.

Em relação à segurança, asciminib teve segurança e tolerabilidade marcadamente favoráveis ​​vs  imatinibe e TKIs 2G, com menos eventos adversos (EAs) de grau ≥3 (38%, 44%, 55%), com metade da taxa de EAs  que levaram à descontinuação do tratamento (5%, 11%, 10%) e menos ajustes/interrupções de dose para controlar EAs (30%, 39%, 53%). A taxa de eventos oclusivos arteriais foi de 1%, 0% e 2%, respectivamente.

Os eventos adversos mais frequentes no braço asciminib foram baixa contagem de plaquetas (13%) e baixa contagem de neutrófilos (10%).

“ASC é o único agente a mostrar eficácia superior estatisticamente significativa e excelente segurança e tolerabilidade versus todas as atuais opções de tratamento upfront padrão, com potencial para ser a terapia de escolha para LMC”, concluem os pesquisadores.

Nos Estados Unidos, a American Cancer Society estima que cerca de 9.280 pessoas serão diagnosticadas com LMC em 2024. Com os recentes avanços científicos e o desenvolvimento de TKIs, a taxa de sobrevida relativa em 5 anos para LMC mais que triplicou de 22% para pessoas diagnosticadas em meados da década de 1970 para 70% para aquelas diagnosticadas entre 2012 e 2018.

Referência

ASC4FIRST, a pivotal phase 3 study of asciminib (ASC) vs investigator-selected tyrosine kinase inhibitors (IS TKIs) in newly diagnosed patients (pts) with chronic myeloid leukemia.
J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 17; abstr LBA6500)
DOI: 10.1200/JCO.2024.42.17_suppl.LBA6500