No estudo PSMAfore (NCT04689828), o radioligante 177-Lu prolongou a sobrevida livre de progressão radiográfica na comparação com inibidores da via do receptor de andrógeno em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCPRC) virgens de taxano. No ASCO 2024, Karim Fizazi, (foto), do Instituto Gustave Roussy, apresentou dados de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) e os resultados de dor na segunda análise interina, confirmando o benefício do radioligante nessa população de pacientes.
Foram inscritos pacientes com mCPRC com ≥1 lesão metastática positiva para PSMA e nenhuma lesão metastática negativa para PSMA avaliada por PET-CT com gálio 68, em homens que progrediram a um inibidor da via do receptor de andrógeno (ARPI, sigla do inglês Androgen Receptor Pathway Inhibitors). Foram inelegíveis pacientes candidatos à inibição de PARP ou que haviam recebido radioterapia sistêmica, imunoterapia ou quimioterapia prévia.
Os pacientes elegíveis foram randomizados 1:1 para 177-Lu (7,4 GBq/6 semanas; 6 ciclos) ou ARPI (abiraterona/enzalutamida). Pacientes com progressão radiográfica confirmada na mudança do ARPI poderiam passar para 177-Lu. Os desfechos secundários incluíram o tempo até a piora (TTW) na QVRS autorreferida (FACT-P, EQ-5D-5L) e dor (BPI-SF), definida como um composto de piora da pontuação (limiares pré-especificados), progressão clínica (incluindo novos tratamento anticâncer) ou morte. Análises post hoc do TTW no FACT-P e BPI-SF excluíram progressão clínica e morte.
Resultados
Foram randomizados 468 pacientes (234 em cada braço), com idade mediana de 72 anos (variação de 43 a 94). A duração média da exposição foi de 8,4 meses para 177-Lu e de 6,5 meses para mudança do inibidor da via do receptor androgênico. O tratamento com 177-Lu retardou o TTW nas escalas e subescalas FACT-P, EQ-5D-5L e BPI-SF vs mudança no ARPI (Tabela). Os resultados foram semelhantes em análises não compostas.
A incidência de eventos adversos (EAs) de grau ≥3, EAs graves e EAs que levaram à descontinuação do 177-Lu e mudança do ARPI foi de 34% vs 44%, 20% vs 28% e 5,7% vs 5,2%, respectivamente.
“177Lu atrasou o tempo até piora na dor autorreferida e melhorou a QVRS versus alteração do ARPI em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração positivo para PSMA virgens de taxano”, concluem os autores.
177Lu-PSMA-617 | ARPI Change | HR (95% CI) | |
FACT-P total score | 7.46 (6.08, 8.51) | 4.27 (3.48, 4.53) | 0.59 (0.47, 0.72) |
FACT-P physical wellbeing | 7.20 (5.85, 8.25) | 3.71 (3.25, 4.40) | 0.55 (0.45, 0.68) |
FACT-P emotional wellbeing | 8.54 (7.39, 9.59) | 4.76 (4.27, 5.78) | 0.66 (0.53, 0.82) |
FACT-P functional wellbeing | 5.13 (4.67, 6.77) | 4.40 (3.81, 4.70) | 0.77 (0.63, 0.95) |
FACT-P social/family wellbeing | 5.13 (4.57, 6.87) | 4.40 (3.94, 6.01) | 0.85 (0.69, 1.06) |
EQ-5D-5L utility score | 6.14 (4.70, 7.92) | 3.88 (3.25, 4.40) | 0.61 (0.50, 0.76) |
BPI-SF pain intensity | 5.03 (4.40, 6.87) | 3.71 (3.09, 4.37) | 0.69 (0.56, 0.85) |
BPI-SF pain interference | 5.65 (4.57, 6.97) | 3.71 (3.06, 4.40) | 0.67 (0.54, 0.83) |
BPI-SF worst pain intensity | 5.13 (4.11, 6.14) | 3.65 (3.06, 4.34) | 0.70 (0.57, 0.85) |
Referência:
Health-related quality of life and pain in a phase 3 study of [177Lu] Lu-PSMA-617 in taxane-naïve patients with metastatic castration-resistant prostate cancer
J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 16; abstr 5003)
DOI 10.1200/JCO.2024.42.16_suppl.5003
Abstract # 5003