Onconews - ctDNA e resultados de pacientes com mCPRC tratados com o radioligante 177-Lu

O oncologista Johann De Bono (foto), do Royal Marsden NHS Foundation Trust é primeiro autor de análise exploratória do estudo PSMAfore selecionado para sessão oral no ASCO 2024 que avalia associações entre o DNA tumoral circulante basal (ctDNA) e os resultados de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCPRC) virgens de taxano tratados com o radioligante 177-Lu.

No PSMAfore (NCT04689828), 177-Lu prolongou a sobrevida livre de progressão radiográfica (rPFS) em comparação com inibidores da via do receptor de andrógeno (do inglês, ARPI - Androgen Receptor Pathway Inhibitors) em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCPRC) virgens de taxano.

Os pacientes foram randomizados 1:1 para 177-Lu (7,4 GBq/6 semanas; 6 ciclos) ou ARPI (abiraterona/enzalutamida). Foram excluídos pacientes com mutações acionáveis conhecidas ​​(por exemplo, BRCA). O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão radiográfica (rPFS). O ctDNA plasmático basal foi analisado usando um ensaio personalizado de sequenciamento de 585 genes. A fração de ctDNA foi avaliada em todas as amostras que passaram pelo controle de qualidade.

Alterações nos principais fatores de câncer de próstata (prevalentes em mais que 10% dos participantes) foram avaliadas em amostras com fração de ctDNA > 1%. A regressão univariada de Cox (referência: alteração ARPI) foi usada para avaliar a associação da fração ou alterações do ctDNA com rPFS, resposta do PSA (declínio ≥50%; PSA50) e resposta RECIST (RR) no cutoff de dados de 21 de junho de 2023.

Resultados

Entre 360 ​​amostras de 468 pacientes, 255 passaram no controle de qualidade e 156 apresentaram fração de ctDNA >1% (mediana 5,85%; variação 0 a 85). A detecção de alterações no ctDNA foi comparável entre os braços e com os dados publicados.

A mediana de sobrevida livre de progressão radiográfica foi menor para pacientes com fração de ctDNA > 1% versus ≤ 1% (HR 2,753; 95% CI 1,957–3,872; p<0,0001) (Tabela).  A fração de ctDNA >1% também foi associada a pior resposta RECIST e PSA50. A mediana de rPFS foi menor para pacientes com alterações detectada versus não detectada no receptor de androgênio (HR 1,954; 95% CI 1,333–2,865; p<0,001), TP53 (1,655; 1,13–2,426; p<0,01) e PTEN (1,62; 1,018–2,578; p< 0,05). A mediana de rPFS foi mais longa com 177-Lu em comparação com ARPI em pacientes com alterações detectadas de receptor de androgênio, TP53, PTEN (Tabela), via PI3K e via de reparo de DNA. Não houve associação significativa entre alterações de ctDNA e PSA50 ou resposta RECIST. 

Em síntese, fração de ctDNA >1% e alterações no receptor de androgênio, TP53 e PTEN foram associadas a piores desfechos em PSMA, independentemente do tratamento. No entanto, os pacientes com esses biomarcadores prognósticos negativos tiveram melhor desempenho com 177-Lu em comparação com inibidores da via do receptor de andrógeno”, concluíram os autores.

 

177Lu-PSMA-617

ARPI Change

177Lu-PSMA-617

ARPI Change

177Lu-PSMA-617

ARPI Change

 

Median rPFS, Mos
(95% CI)

 

PSA50
Non-Responders (<50% decline), n

 

RR
Non-Responders, n

 

ctDNA fraction
> v ≤1%

N=120

N=153

N=49

N=88

N=28

N=52

 

7.9 (5.8–11.3)
v
17.1 (11.5–NE)

2.4 (2.3–4.2)
v
6.0 (5.6–13.7)

32 v 17

53 v 35

20 v 8

35 v 17

Alteration detected v undetected

N=74

N=82

N=32

N=53

N=20

N=35

AR

5.0 (2.7–8.6)
v
11.6 (6.2–NE)

2.3 (2.1–5.6)
v
2.7 (2.2–6.0)

13 v 19

20 v 33

9 v 11

15 v 20

TP53

6.1 (3.1–9.3)
v
9.2 (6.2–NE)

2.4 (2.2–4.3)
v
2.7 (2.3–5.8)

12 v 20

22 v 31

8 v 12

15 v 20

PTEN

3.6 (2.5–NE)
v
7.9 (6.1–11.6)

2.1 (2.0–NE)
v
3.1 (2.3–5.8)

7 v 25

10 v 43

4 v 16

8 v 27

DCO Jun 2023.

O estudo é financiado pela Novartis.

Referência: Baseline ctDNA analyses and associations with outcomes in taxane-naive patients with mCRPC treated with 177Lu-PSMA-617 versus change of ARPI in PSMAfore. J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 16; abstr 5008)

DOI: 10.1200/JCO.2024.42.16_suppl.5008

Abstract #5008