O estudo EPCORE NHL-1, que investiga estratégias de mitigar a síndrome de liberação de citocinas (SLC) sem hospitalização obrigatória em pacientes com linfoma folicular recidivado ou refratário (LF R/R) tratados com epcoritamabe, apresentou no ASCO 2024 resultados encorajadores. As medidas de mitigação da SLC melhoraram ainda mais a segurança de epcoritamabe e apoiam seu uso subcutâneo como potencial opção de tratamento ambulatorial pronta para uso.
No estudo principal EPCORE NHL-1 (fase 1/2; NCT03625037), o tratamento com epcoritamabe levou a altas taxas de resposta global (ORR) e completa (CR) de 82% e 63%, respectivamente, em uma coorte de pacientes com linfoma folicular com doença recidivada ou refratária. A segurança foi administrável, sendo principalmente de baixo grau os eventos de SLC (em inglês cytokine release syndrome - CRS).
Melhorar a segurança de epcoritamabe através da redução da incidência e gravidade da síndrome de liberação de citocinas pode melhorar sua acessibilidade e reduzir a utilização de recursos de saúde.
Neste estudo, pacientes com linfoma folicular recidivado ou refratário CD 20+ (grau 1–3A) expostos a pelo menos 2 linhas de tratamento anterior receberam epcoritamabe subcutâneo em 3 doses crescentes (0,16, 0,8 e 3 mg) no ciclo 1, seguido por doses completas de 48 mg em ciclos de 28 dias (QW, C1–3; Q2W, C4–9; Q4W, C≥10), até progressão da doença ou toxicidade inaceitável. Os pacientes receberam profilaxia com dexametasona e recomendações de hidratação no ciclo 1. A hospitalização para monitoramento da SLC não foi obrigatória. Os desfechos primários foram taxas de SLC de qualquer grau e G≥2. Os desfechos secundários incluíram resposta de acordo com os critérios de Lugano, doença residual mínima (DRM) no sangue periférico e segurança.
Resultados
Em 8 de janeiro de 2024, foram inscritos 86 pacientes com LF R/R nesta coorte do ciclo 1 para otimização de dose (C1 OPT). As características dos pacientes foram semelhantes no C1 OPT e nas coortes principais. Em relação ao perfil de segurança, uma visão geral dos eventos de síndrome de liberação de citocinas, de síndrome de neurotoxicidade associada às células efetoras (ICANS, da sigla em inglês) e da síndrome de lise tumoral clínica (CTLS) nessas coortes está descrita na tabela abaixo.
Em um seguimento mediano de 5,7 meses, os eventos de SLC ocorreram principalmente durante o ciclo 1 e nenhum levou à descontinuação de epcoritamabe. Consistente com as taxas mais baixas de SLC com C1 OPT, os níveis de IL-6 após 24 horas da primeira dose completa foram inferiores aos observados na coorte principal. Dos 82 pacientes que receberam a primeira dose completa na coorte C1 OPT, 44 (54%) receberam monitoramento ambulatorial para SLC com base no critério do investigador. Entre 81 pacientes com resposta avaliada na coorte C1 OPT, a ORR foi de 91% e a taxa de resposta completa foi de 68%. Os tempos médios de resposta e CR foram de 1,4 meses e 1,5 meses, respectivamente. Entre os pacientes avaliáveis por DRM (n = 44), a negatividade da DRM foi alcançada em 64% (n = 28).
Em conclusão, as medidas de mitigação da SLC em C1 OPT melhoraram ainda mais a segurança de epcoritamabe em pacientes com LF R/R, reduzindo substancialmente a taxa e a gravidade da SLC em comparação com relatórios anteriores. Para os pacientes tratados ambulatorialmente, a SLC foi identificada e tratada adequadamente, com poucos eventos de grau 2, nenhum evento de grau≥3, todos resolvidos. As taxas de resposta, a taxa de negatividade da DRM e o tempo para resposta completa sugerem que C1 OPT não teve impacto na eficácia. Esses dados apoiam o uso potencial de epcoritamabe subcutâneo como opção de tratamento ambulatorial pronta para uso para pacientes com LF R/R.
CRS, ICANS, and CTLS events. | ||
n (%) | C1 OPT Cohort | Pivotal Cohorta |
Any-grade CRSb | 42 (49) | 85 (66) |
G1 | 34 (40) | 51 (40) |
G2 | 8 (9) | 32 (25) |
G3 | 0 | 2 (2) |
ICANSc | 0 | 8 (6) |
CTLS | 0 | 0 |
aData cutoff: Apr 21, 2023.
bNo G≥4 CRS.
cNo G≥3 ICANS.
Referência:
EPCORE NHL‑1 follicular lymphoma (FL) cycle (C) 1 optimization (OPT) cohort: Expanding the clinical utility of epcoritamab in relapsed or refractory (R/R) FL.
J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 16; abstr 7015)
DOI: 10.1200/JCO.2024.42.16_suppl.7015
Abstract # 7015