Onconews - ORCHESTRA: debulking adicional à terapia sistêmica paliativa no câncer colorretal com metástases em múltiplos órgãos

A redução de volume tumoral (debulking) adicional à terapia sistêmica paliativa de primeira linha padrão não melhorou a sobrevida global de pacientes com câncer colorretal metastático em múltiplos órgãos. É o que sugerem os resultados do estudo de Fase 3 ORCHESTRA, apresentado em sessão oral no ASCO 2024.

A terapia local de metástases é cada vez mais discutida como parte do plano de tratamento para pacientes com câncer colorretal metastático em múltiplos órgãos, em analogia com pacientes selecionados com doença oligometastática para os quais este é o tratamento padrão.

“As decisões de tratamento são tomadas diariamente em equipes multidisciplinares em todo o mundo, mas faltam evidências de superioridade da terapia local adicional em relação à terapia sistêmica isolada, com base em uma comparação direta”, observam os autores.

Entre maio de 2013 e maio de 2023, o estudo de Fase 3 de iniciativa do investigador ORCHESTRA (NCT01792934)454 incluiu pacientes de 28 hospitais. Pacientes com câncer colorretal metastático em múltiplos órgãos eram elegíveis se pelo menos 80% da redução do volume tumoral fosse considerada viável por ressecção, radioterapia e/ou terapia termoablativa no início da terapia sistêmica paliativa de primeira linha de acordo com a avaliação multidisciplinar.

Após benefício clínico com 3 ou 4 ciclos de capecitabina ou 5-fluorouracil/leucovorina e oxaliplatina ± bevacizumabe, respectivamente, 382 pacientes foram randomizados 1:1 para continuação com terapia sistêmica isolada no braço padrão ou citorredução tumoral seguida de reinício da terapia sistêmica no braço experimental.

O endpoint primário foi a sobrevida global, desde a data de inclusão até a data do óbito. Os endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP) e eventos adversos relacionados ao tratamento. SG e SLP foram analisadas ​​por meio de análise de regressão multivariável de riscos proporcionais de Cox, onde as variáveis ​​utilizadas no processo de randomização foram incluídas como covariáveis.

Resultados

382 pacientes foram randomizados para receber terapia sistêmica paliativa padrão no braço padrão (N = 192) ou para receber citorredução tumoral adicional à terapia sistêmica paliativa no braço experimental (N = 190).

As características do baseline dos pacientes do braço padrão versus braço experimental foram mediana de 64 anos de idade vs 64 anos, homens 69% vs 67%, >2 órgãos envolvidos 38% vs 40%, LDH basal >250 U/L 17% vs 16 %, CEA basal >200 ng/ml 5% vs 8%. No cutoff dos dados em 4 de abril de 2024, um total de 153 eventos de SG foram observados no braço padrão e 155 eventos de SG no braço experimental.

O acompanhamento médio foi de 32,3 meses. A mediana de sobrevida global no braço padrão foi de 27,5 meses versus 30,0 meses no braço experimental (HR ajustado 0,88 [95% CI 0,70-1,10] p=0,225). A mediana de SLP no braço padrão foi de 10,4 meses versus 10,5 meses no braço experimental (HR ajustado 0,83 [95% CI 0,67-1,02], p=0,076).

“A redução tumoral adicional à terapia sistêmica paliativa de primeira linha padrão não conseguiu melhorar a sobrevida global de pacientes com câncer colorretal metastático em múltiplos órgãos”, concluíram os autores, acrescentando que é preciso cautela no uso crescente de terapias locais para pacientes com CCRm.

Referência: 

Abstract #LBA3502 - Primary outcome analysis of the ORCHESTRA trial: A randomized phase III trial of additional tumor debulking to first-line palliative systemic therapy for patients with multiorgan metastatic colorectal cancer.

First Author: Elske C. Gootjes, MD, PhD

DOI: 10.1200/JCO.2024.42.17_suppl.LBA3502