A pesquisadora Maria Inez Dacoregio (foto), da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) é primeira autora de revisão sistemática e metanálise selecionadas em publicação eletrônica no ASCO 2024, que examina a ressonância magnética de corpo inteiro como estratégia de vigilância na síndrome de Li-Fraumeni. O trabalho tem como autor sênior o geneticista Israel Gomy, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (na foto, à esquerda).

A síndrome de Li-Fraumeni (LFS) é uma síndrome associada a neoplasias de início precoce e a gestão do risco, através de uma estratégia de vigilância, é fundamental. Nesta revisão sistemática e metanálise, Dacoregio e colegas avaliaram a utilidade clínica da WBMRI (sigla do inglês whole-body magnetic resonance imaging) em portadores da mutação germinativa TP53. Os pesquisadores consideraram as bases de dados da  Pubmed, Cochrane e Embase em busca de estudos sobre WBMRI como método de detecção precoce para triagem de tumores em pacientes com LFS.

Dos 1.547 estudos iniciais, 11 cumpriram os critérios do estudo (10 coortes observacionais e 1 caso controle), compreendendo 703 pacientes (359 mulheres [51%]; idade média [DP], 29,5 [+/-25] anos) de 7 países diferentes. O acompanhamento médio das lesões variou de 2 a 11 anos. A análise identificou taxa de detecção estimada de 31% (IC 95% 28-34, I2 55%) de quaisquer lesões suspeitas encontradas em portadores assintomáticos de TP53 submetidos à WBMRI basal. No total, foram identificadas 277 lesões que necessitaram de acompanhamento clínico em 215 pacientes.

A ocorrência de câncer foi confirmada em 46 lesões, em 39 indivíduos. A maioria dos cânceres encontrados foram de sistema nervoso central (SNC) (n = 16), seguidos por sarcomas (n=12) e câncer de mama (n=11). A taxa  estimada de diagnóstico de câncer entre lesões suspeitas foi de 18% (IC95% 13-25, I2 5%). A WBMRI detectou 41 de 46 cânceres na fase inicial da doença, com uma taxa de detecção global de 6% (95%

IC 5-8, I2 47%). A taxa de incidência foi de 2% por rodada de WBMRI por paciente(IC 95% 1-4, I2 0%), incluindo a linha de base mais acompanhamento.

“Nossa revisão sistemática e meta-análise apoiam que a vigilância com WBMRI é eficaz

na detecção de câncer em pacientes com LFS. Além disso, a vigilância com WBMRI foi bem-sucedida no diagnóstico de quase 90% de todos os casos com doença inicial, o que aumenta as chances de cura nessa população jovem”, concluem os autores.

Ao lado de Maria Inez Dacoregio e Israel Gomy, o estudo tem a participação de Pedro Cotta Abrahão Reis (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ), Davi Said Gonçalves Celso (Universidade Federal de Viçosa, MG), Lorena Escalante Romero (Universidade Federal de São Paulo -UNIFESP), Stephan Altmayer (Universidade de Stanford, EUA), Maysa Vilbert (Massachusetts General Hospital Cancer Center), Fabio Ynoe Moraes (Queen’s University e Kingston Health Science Center).

Referência:

J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 16; abstr e22555)