Davi Said Gonçalves Celso (à direita), da Universidade Federal de Viçosa, é primeiro autor de metanálise que avaliou a eficácia e segurança de zolbetuximabe no câncer gástrico ou de junção esofagogástrica claudina (CLDN) 18.2-positivo. O trabalho foi selecionado em poster para apresentação no ASCO GI 2024 e tem como autor sênior o oncologista Marcos Pedro Guedes Camandaroba (à esquerda), do AC Camargo Cancer Center.
Esquemas de anticorpo monoclonal (nivolumabe, trastuzumabe, bemarituzumabe) com quimioterapia demonstraram benefício em pacientes com adenocarcinoma gástrico ou de junção esofagogástrica (JEG) metastático. Zolbetuximab, um novo anticorpo monoclonal contra Claudina (CDLN) 18.2 tem demonstrado resultados promissores em ensaios clínicos, mas ainda há necessidade de encontrar um tratamento de primeira linha seguro e eficaz, especialmente para pacientes com receptor do fator de crescimento epidérmico (HER) 2-negativo. “Nosso objetivo foi realizar uma metanálise explorando o uso de imunoterapia combinada (zolbetuximabe) e quimioterapia padrão versus quimioterapia isolada”, descrevem os autores.
Os pesquisadores revisaram as bases da PubMed, Embase e Cochrane e consideraram ensaios clínicos randomizados comparando zolbetuximabe à quimioterapia isolada em pacientes com adenocarcinoma gástrico ou JEG positivo para CLDN18.2. Os resultados avaliados foram sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta objetiva (ORR) e eventos adversos emergentes do tratamento (TEAE). A taxa de risco (HR) foi agrupada para os desfechos de SG, SLP, ORR e TEAE, com intervalos de confiança (IC) de 95%. As análises estatísticas foram realizadas no software R versão 4.3.1 com modelo de efeitos aleatórios. A análise I² foi utilizada para avaliar a heterogeneidade. Os Eventos Adversos (EA) foram classificados de acordo com os Critérios de Terminologia Comum para EA do Instituto Nacional do Câncer.
Os resultados mostram que dos 66 estudos identificados, três foram incluídos na metanálise, totalizando 1.349 pacientes. 671 (49,7%) faziam parte do grupo de intervenção, 769 (57,0%) eram do sexo masculino, 360 (26,7%) foram submetidos a gastrectomia prévia e 1.304 (96,7%) tiveram uma taxa de coloração celular CLDN18.2 superior a 70%. A faixa etária foi de 21 a 83 anos.
O tratamento com zolbetuximabe foi associado a SLP significativamente maior (HR 0,64; IC 0,49-0,84; p = 0,0011; I² = 59,6%), assim como mostrou benefício de SG (HR 0,70; IC 0,59-0,84; p<0,0001; I² = 40,0%). Os TEAEs grau ≥ 3 (RR 1,09; IC 1,03-1,16; p = 0,0051; I² =0,0%) foram maiores para o grupo intervenção. ORR e TEAE graves não tiveram diferença quando comparados com o grupo controle. Os EA mais frequentes foram náuseas (34,6%), vômitos (30,2%) e diminuição do apetite (18,6%).
“Em resumo, o uso de zolbetuximabe combinado à quimioterapia padrão reduz a mortalidade e a progressão da doença, embora possa aumentar o risco de EAs emergentes do tratamento de grau ≥ 3”, concluem os autores.
Referência: Safety and efficacy of zolbetuximab for CLDN18.2-positive gastric or gastroesophageal junction adenocarcinoma: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials - Abstract # 370. J Clin Oncol 42, 2024 (suppl 3; abstr 370)