Onconews - 177Lu-PSMA mostra eficácia no câncer de próstata metastático hormônio sensível

Dados apresentados no ESMO 2024 por Arun Azad (foto), oncologista do Peter MacCallum Cancer Centre, apoiam o papel de 177Lu-PSMA no câncer de próstata metastático hormônio sensível, em pacientes com alto volume de doença. O uso de 177Lu-PSMA seguido por docetaxel melhorou os resultados clínicos desses pacientes em comparação com docetaxel isoladamente, sem aumentar a toxicidade.

A terapia de privação de andrógeno (ADT) + Docetaxel (D) é um padrão de tratamento para pacientes com câncer de próstata metastático hormônio sensível (mHSPC) com alto volume de doença, mas os resultados permanecem abaixo do ideal. 177Lu-PSMA (LuPSMA) tem eficácia comprovada no câncer de próstata metastático resistente à castração, mas sua atividade no mHSPC é desconhecida.

Neste ensaio clínico randomizado de fase II (NCT04343885), um estudo multicêntrico, de 2 braços, de iniciativa do investigador, o objetivo foi avaliar a eficácia de 177Lu-PSMA antes de D em mHSPC de novo com alto volume de doença. Os principais critérios de elegibilidade incluíram câncer de próstata diagnosticado dentro de 12 semanas do início da triagem, < 4 semanas em ADT e doença de alto volume (≥ 4 metástases ósseas com ≥ 1 fora do esqueleto axial e/ou metástases viscerais) e expressão de PSMA no PSMA PET/CT sem discordância importante no18FDG-PET/CT.

Os pacientes elegíveis foram randomizados 1:1 para177 Lu-PSMA 7,5 GBq x 2 ciclos seguidos por D (Braço A) ou D sozinho (Braço B). Todos os pacientes receberam ADT e D a 75 mg/m2 x 6 ciclos. O desfecho primário foi PSA indetectável (≤ 0,2 ng/ml) em 48 semanas. Os desfechos secundários incluíram segurança, ausência de resistência à castração, sobrevida livre de progressão de PSA (SLP-PSA) e SLP radiográfica.

Entre abril de 2020 e abril de 2023 foram randomizados 130 pacientes (Braço A: 63, Braço B: 67). 4 pacientes no Braço B desistiram após a randomização e 2 pacientes em cada braço não puderam ser avaliados em 48 semanas. Todos os pacientes no Braço A receberam 2 ciclos de 177Lu-PSMA. 50/63 (79%) e 53/63 (84%) receberam 6 ciclos de D no Braço A e Braço B, respectivamente. As taxas de PSA indetectável em 48 semanas foram maiores no Braço A vs. Braço B: 41% (25/61) vs. 16% (10/61), razão de risco 3,9 (IC 95% 1,6-9,4), p=0,002, assim como a SLP-PSA (mediana de 30 vs 21 meses; razão de risco (HR) 0,60 (IC de 95%: 0,4-1,0); p=0,039), ausência de resistência à castração (mediana de 20 vs 16 meses; HR 0,60 (IC de 95%: 0,4-1,0); p=0,033) e SLP radiográfica (mediana não atingida vs 22 meses; HR 0,58 (IC de 95%: 0,3-1,0); p=0,067),  todas mais longas no Braço A versus Braço B.

Em relação à segurança, eventos adversos de grau 3 ou 4 ocorreram em 29% (18/63) e 27% (17/63) dos pacientes no Braço A e Braço B, respectivamente, tipicamente atribuíveis a docetaxel.

“O uso sequencial de 177Lu-PSMA seguido por D melhorou os resultados clínicos em mHSPC de alto volume de novo em comparação com D sozinho, sem aumento da toxicidade. Nossos dados apoiam um papel para LuPSMA em pacientes com mHSPC”, concluem os pesquisadores.

Referência: 

LBA66 - UpFrontPSMA: A randomised phase II study of sequential 177Lu-PSMA-617 and docetaxel (D) versus docetaxel in metastatic hormone-sensitive prostate cancer (mHSPC)

Speakers: Arun A. Azad (Melbourne, Australia, British Columbia)