Onconews - Parar de fumar após o diagnóstico melhora a sobrevida e reduz o risco de morte no câncer de cabeça e pescoço

Estudo multicêntrico que avaliou o impacto da cessação do tabagismo pós-diagnóstico em pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) mostra que parar de fumar reduz significativamente o risco de morte e melhora a sobrevida, reforçando a importância de intervenções para a cessação do tabagismo pós-diagnóstico como parte do tratamento do câncer de cabeça e pescoço entre pacientes que fumam. O trabalho tem participação brasileira, incluindo a do pesquisador Fernando Dias (foto), do Instituto Nacional de Câncer (INCA), e mostra que parar de fumar foi associado a um risco 33% menor de morte em comparação com o tabagismo contínuo (HR=0,67).

Este estudo prospectivo incluiu 1.298 participantes que foram diagnosticados com CCP no Reino Unido (estudo Head and Neck 5000, recrutamento: 2011-2014) e 4 países na América Latina (Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia - estudo INTERCHANGE, recrutamento: 2011-2017) que fumavam ativamente no diagnóstico. Os participantes foram acompanhados desde o diagnóstico para coletar informações regulares sobre seu comportamento de fumar e estado da doença. A sobrevida global foi avaliada usando curvas de Kaplan-Meier estendidas e modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox dependentes do tempo.

Resultados

Durante o acompanhamento, 442 participantes (34%) relataram parar de fumar  e 571 mortes foram registradas. Os autores descrevem que o tempo médio de sobrevida foi 17 meses maior quando os pacientes pararam de fumar em comparação com os que continuaram a fumar (tempo médio de sobrevida = 6,6 em comparação com os que continuaram a fumar (p<0,001). Em 5 anos, a taxa de sobrevida foi significativamente maior quando os pacientes pararam de fumar em comparação com os que continuaram a fumar (61,0% ; p<0,001).

Após contabilizar o tempo de abandono e ajustar para potenciais fatores de confusão, parar de fumar foi associado a um risco 33% menor de morte em comparação com o tabagismo contínuo (HR=0,67, IC 95%=0,56-0,81). As análises estratificadas revelaram benefícios consistentes de sobrevida associados a parar de fumar entre todos os subgrupos de pacientes, incluindo aqueles que relataram tabagismo leve-moderado em comparação com tabagismo pesado e pacientes que foram diagnosticados com tumores em estágio inicial em comparação com tumores em estágio avançado. Os benefícios de parar de fumar também foram evidentes em vários subtipos de CCP.

Parar de fumar após o diagnóstico de CCP pode reduzir significativamente o risco de morte e melhorar a sobrevida entre pacientes que fumam. Os autores destacam que essas achados ressaltam a importância das intervenções de cessação do tabagismo pós-diagnóstico como parte do tratamento abrangente do câncer para pacientes com CCP.

Além do médico Fernando Dias, Chefe da Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o estudo tem a participação de outros pesquisadores brasileiros, incluindo  Lidia M. Arantes (Hospital de Câncer de Barretos), Maria Paula Curado ( AC Camargo Cancer Center),  Luiz Paulo Kowalski (AC Camargo Cancer Center), Jose Carlos de Oliveira (Goiânia), Sheila Coelho Soares Lima (INCA), Luis Felipe Ribeiro Pinto (INCA) e Sandra Zeidler (Vitória).

Referência:

882P - Quitting smoking after diagnosis of head and neck cancer is associated with reduced risk of mortality: A multicentric prospective cohort study

Speakers: Mahdi Sheikh (Lyon, France)