Onconews - Análise compara atendimento do INCA com medidas de qualidade sugeridas pela ASCO

A ASCO desenvolveu medidas de qualidade sobre a administração de terapia endócrina adjuvante, radioterapia e quimioterapia para melhorar a qualidade e acessibilidade do tratamento do câncer. A oncologista Anne Dominique Nascimento Lima (foto) e colegas aplicaram essas medidas para descrever a qualidade do atendimento oferecido a mulheres com câncer de mama em uma das unidades do Instituto Nacional do Câncer (HC III/INCA). O trabalho foi apresentado no SABCS 2024 e mostra que idade acima de 60 anos, estadiamento avançado e radioterapia adjuvante foram preditores de não concordância com as medidas de qualidade da ASCO na coorte avaliada.

Neste estudo de coorte retrospectivo, os pesquisadores consideraram dados de pacientes diagnosticadas com câncer de mama em uma das unidades do INCA (HC III). Foram incluídas pacientes tratadas de abril de 2016 a outubro de 2018, com estadios I a III. A associação entre variáveis ​​independentes e desfecho foi realizada por meio de odds ratio (OR). As variáveis ​​que apresentaram p<20 na análise univariada foram incluídas no modelo de regressão logística múltipla pelo método forward stepwise, e aquelas com p<0,05 permaneceram no modelo final.

Os resultados mostram que das 1.556 pacientes elegíveis, 590 foram excluídas. Os autores descrevem que 322 (44,8%) pacientes iniciaram terapia endócrina em até 365 dias do diagnóstico, com tempo mediano para início de 379 (IQR 278,8-445,5) dias. 78 pacientes (35,3%) iniciaram radioterapia após cirurgia conservadora da mama em até 365 dias do diagnóstico, com tempo médio para início do tratamento de 430 (DP ±140,4) dias.

Em relação às mulheres com câncer de mama receptor hormonal negativo, 9 (100%) receberam quimioterapia após 120 dias do diagnóstico. Após ajuste, idade acima de 60 anos (OR 1,49; IC95% 1,6-2,9; p=0,001 e OR 2,74; IC95% 1,42 - 5,28; p=0,003) e estadiamento localmente avançado (OR 4,03; IC95% 2,89 - 5,62; p=0,001 e OR 13,47; IC95% 3,05 - 59,44; p=0,001) foram preditores de não concordância com terapia endócrina e radioterapia, respectivamente. Por outro lado, tumores Luminal A-like apresentaram maior probabilidade de concordância com o início da terapia hormonal e radioterapia antes de 365 dias após o diagnóstico (OR 0,40; IC95% 0,27-058; p=0,021 e OR 0,22; IC95% 0,11-0,46; p=0,03). Pacientes submetidas à radioterapia adjuvante apresentaram maior probabilidade de não iniciar o tratamento com terapia hormonal em até 365 dias. (OR 1,69; IC95% 1,14-2,50; p=0,009).

“Descrevemos o tratamento do câncer de mama em uma grande instituição brasileira com desempenho abaixo das medidas de qualidade sugeridas pela ASCO. Idade acima de 60 anos, estadiamento avançado e radioterapia adjuvante foram preditores de não concordância, enquanto tumores Luminal A-like aumentaram a probabilidade de concordância das medidas. As medidas foram informativas sobre a qualidade do atendimento público, possibilitando identificar fatores determinantes que interferem na prestação de cuidados de alta qualidade.

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil, sendo responsável por 1 em cada 6 óbitos.

Referência:

P3-05-13: Determinants for concordance of ASCO quality of care measures in women with breast cancer in a Brazilian cohort

Presenting Author(s) and Co-Author(s): Anne Dominique Nascimento Lima, Suzana Sales de Aguiar, Anke Bergmann, José Bines, Luiz Claudio Santos Thuler

Abstract Number: SESS-2188