O conjugado trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) mostrou benefício clínico e estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo (RH+) e HER 2 low ou ultralow que progrediram da doença após terapia endócrina, diminuindo o risco de progressão da doença ou morte principalmente no subgrupo com rápida progressão (mediana, 14,0 vs 6,5 meses; HR 0,38). É o que demonstra nova análise do estudo de Fase 3 DESTINY-Breast06 apresentado por Aditya Bardia (foto) no SABCS 2024, com resultados que destacam o potencial de T-DXd como tratamento inicial após 1 linha de terapia endócrina para pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, com HER2-low/ultralow.
Dados já conhecidos da análise primária mostram que o tratamento com T-DXd na população com intenção de tratar (ITT; HER2-low e HER2-ultralow) reduziu em 38% o risco de progressão ou morte versus quimioterapia, com SLP mediana de 13,2 vs 8,1 meses; razão de risco [HR] 0,63, P<0.0001). O benefício de SLP observado foi independente do número de linhas de terapia endócrina anterior para a doença metastática. Agora, os resultados apresentados no SABCS 2024 descrevem análises adicionais avaliando o impacto da resposta à terapia endócrina anterior nos principais desfechos.
Neste estudo randomizado de Fase 3 (NCT04494425) foram inscritos pacientes com câncer de mama metastático com receptor hormonal positivo e HER2 low (imuno-histoquímica [IHC] 1+, IHC 2+ / hibridização in situ negativa) ou HER2-ultralow (IHC 0 com coloração de membrana) que progrediram da doença após terapia endócrina e não receberam quimioterapia (QT) no cenário metastático.
Os pacientes foram randomizados 1:1 para T-DXd 5,4 mg/kg administrados por via intravenosa a cada 3 semanas ou tratamento de escolha do médico (TPC, das iniciais em inglês; 59,8% capecitabina; 24,4% nab-paclitaxel; 15,8% paclitaxel). Os pacientes com câncer de mama metastático receberam ≥ 2 linhas de terapia endócrina anterior, ou 1 linha naqueles em que a progressão da doença (PD) ocorreu dentro de 24 meses da terapia endócrina (TE) adjuvante ou dentro de 6 meses da TE de primeira linha (1L) + inibidor de ciclinas (CDK4/6i), este último subgrupo considerado de progressão rápida. Os desfechos da análise de subgrupos incluíram tempo para progressão (TTP) após 1L TE + CDK4/6i e resistência endócrina primária vs secundária (conforme 5º critério ESOESMO para câncer de mama avançado). Os desfechos avaliados na população ITT incluíram SLP, taxa de resposta objetiva confirmada (ORR) e duração da resposta (DOR) por revisão central independente cega, além da análise de segurança.
Resultados
A maioria dos pacientes na população ITT (89,3% de n=866) recebeu pelo menos 1 linha anterior de TE + CDK4/6i. A análise de TTP incluiu pacientes com progressão da doença após 1L TE+ CDK4/6i (65,8% do ITT), compreendendo 124 pacientes com <6 meses, 112 com 6 a 12 meses e 334 com >12 meses de TTP. O números de pacientes, dados demográficos e características clínicas basais foram equilibrados entre os subgrupos.
Um total de 58,9% dos pacientes <6 meses; n=73), 23,2% (6 a12 meses; n=26) e 7,2% (> 12 meses; n=24) receberam T-DXd/TPC como tratamento de segunda linha após 1 linha anterior de TE + CDK4/6i. A SLP no estudo foi maior com T-DXd vs TPC no subgrupo < 6 meses (mediana, 14,0 vs 6,5 meses; HR 0,38 [intervalo de confiança de 95% {IC} 0,25, 0,59]); os dados foram consistentes nos subgrupos de 6 a 12 meses (13,2 vs 6,9 meses; HR 0,69 [IC 95% 0,43, 1,12]) e > 12 meses (12,9 vs 8,2 meses; HR 0,67 [IC 95% 0,51, 0,88]). A ORR favoreceu T-DXd vs TPC em pacientes com TTP <6 meses (67,7 vs 25,4%), semelhante àqueles com TTP mais longo (6 a 12 meses: 60,0 vs 28,8%; >12 meses: 59,5 vs 33,1%). A DOR mediana favoreceu T-DXd vs TPC em todos os subgrupos TTP <6 meses: 11,1 vs 7,3 meses; 6 a 12 meses: 13,7 vs 11,5 meses; >12 meses:15,7 vs 11,1 meses).
Os resultados de eficácia foram consistentes em pacientes com resistência endócrina primária e secundária avaliada pelo investigador.
Em relação à segurança, a incidência de eventos adversos de Grau ≥3 relacionados ao tratamento em pacientes recebendo T-DXd e TPC em subgrupos TTP foi consistente com a população geral de segurança: 55,4 vs 42,4% (<6 meses; n=124); 59,3 vs 40,8% (6 a 12 meses; n=108); e 45,8 vs 42,9% (>12 meses; n=329), respectivamente.
Em conclusão, T-DXd demonstrou benefício de eficácia clinicamente significativo em relação ao TPC, com SLP mediana de >12 meses em subgrupos tratados em primeira linha com TE + CDK4/6i TTP, principalmente em pacientes com progressão rápida (<6 meses). O perfil de segurança nos subgrupos avaliados foi consistente com o observado na população geral de segurança. Esses resultados destacam o papel potencial de T-DXd como tratamento inicial após 1 linha de terapia endócrina para pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, com HER2-low/ultralow.
Referência:
LB1-04: Efficacy and safety of trastuzumab deruxtecan (T-DXd) vs physicians choice of chemotherapy (TPC) by pace of disease progression on prior endocrine-based therapy: additional analysis from DESTINY-Breast06
Abstract Number: SESS-3676