Onconews - Estudo da Alliance analisa doença nodal adicional com dissecção axilar no câncer de mama pós NAC

Judy Boughey (foto), da Mayo Clinic, apresentou no SABCS 2024 resultados do estudo da Alliance (AO11202) com pacientes com câncer de mama, mostrando que naquelas com  doença residual nodal positiva após quimioterapia neoadjuvante, a taxa de doença nodal adicional na conclusão da linfadenectomia (ALND) foi de 46% e aumentou com a presença de macrometástases do linfonodo sentinela (SLN) e com o aumento do número de SLNs positivos. Os achados no grupo ALND resultaram em aumento de 24,7% na categoria ypN, aumento que foi menos frequente na doença HER2+.

O estudo randomizado de fase III Alliance for Clinical Trials in Oncology A011202  (NCT01901094) inscreveu pacientes com câncer de mama T1-3 N1 com doença residual positiva para linfonodos na cirurgia de linfonodo sentinela  após tratamento com quimioterapia neoadjuvante (NAC), com o objetivo de avaliar se o intervalo livre de recorrência com radiação para a axila não dissecada e LNs regionais (grupo AxRT) não é inferior à dissecção de linfonodos axilares (ALND) com RT (grupo ALND).

Os achados patológicos da cirurgia após a conclusão da NAC de todos os pacientes elegíveis foram resumidos usando estatísticas descritivas. Um SLN positivo foi definido como metástase ≥ 0,2 mm presente em um linfonodo colhido na cirurgia de SLN. O teste exato de Fisher foi usado para avaliar se a categoria patológica pós-quimioterapia (ypN) aumentou com o número de LNs positivos encontrados no ALND.

De 1627 pacientes inscritos no A011202, 785 (48,2%) foram randomizados para ALND e 842 (51,8%) para AxRT. A idade média no momento da inscrição no estudo foi de 51 anos (intervalo: 19-87). A categoria clínica T antes da NAC foi: cT1 em 18,7%, cT2 em 58,9% e cT3 em 22,4% do ALND; cT1 em 20,2%, cT2 em 56,5% e cT3 em 23,3% do grupo AxRT. A distribuição do subtipo tumoral foi: 12,1% ER-/PR-/HER2-, 18,6% HER2+, 69,3% ER+ e/ou PR+ HER2-. A doença era grau III em 41,5% do grupo ALND e em 38,6% do grupo AxRT. O número mediano de LNs examinados na cirurgia de SLN foi 4 (intervalo: 1-8) para ambos os braços ALND e AxRT. A análise revela que 99 pacientes (6,1%) tiveram 1 LN examinado, 240 (14,8%) tiveram 2 LNs examinados e 1288 (79,2%) tiveram 3-8 LNs examinados.

Entre os pacientes com 2 a 8 LNs examinados na cirurgia de SLN, os pesquisadores da Alliance descrevem que 815 (53,3%; ALND: 53,7%; AxRT: 53,0%) tiveram 1 SLN positivo; 409 (26,8%; ALND: 26,6%; AxRT: 26,9%) tiveram 2 SLNs positivos e 304 (19,9%; ALND: 19,7%; AxRT: 19,8%) tiveram ≥3 SLNs positivos. A doença nodal na cirurgia de SLN foi macroscópica em 83,6% (ALND: 84,9%; AxRT: 82,3%).

No braço ALND, Boughey  e colegas mostram que 361 pacientes (46,0%) tiveram linfonodos positivos adicionais. Isso foi significativamente maior em pacientes com doença macrometastática nos SLNs (47,5%) em comparação com aqueles com doença micrometastática nos SLNs (37,1%) (p = 0,043), mas nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os subtipos de tumor (p = 0,075). O percentual de pacientes com linfonodos positivos adicionais no grupo ALND aumentou conforme o número de linfonodos positivos da cirurgia de SLN aumentou: 33,3% com 1 SLN positivo, 52,6% com 2 SLNs positivos e 75,9% com ≥3 SLNs positivos. O número de linfonodos positivos adicionais no ALND foi de 1 para 130 (36,0%) pacientes, 2 para 70 (19,4%) pacientes e ≥3 em 161 (44,6%) pacientes.

Os autores descrevem que ALND resultou em um aumento na categoria ypN em 24,7% (194/785) dos pacientes; 148 (18,8%) foram de ypN1 para ypN2, 29 (3,7%) de ypN1 para ypN3 e 17 (2,2%) de ypN2 para ypN3. O aumento na categoria ypN para o câncer de mama HER2+ [17,1% (25/146)] foi significativamente menor do que o observado no câncer de mamaER+ e/ou PR+ HER2- [27,3% (150/549)] (p=0,013) e tendeu a ser menor do que no câncer de mama ER- PR- HER2- (26,8% (19/71) (p=0,108).

Em conclusão, esses resultados mostram que em pacientes com doença residual nodal positiva após NAC, a taxa de doença adicional nodal positiva na conclusão do ALND é alta (46%) e aumenta com a presença de macrometástases de SLN e conforme o número de SLNs positivos aumenta. Os achados do ALND resultaram em aumento da categoria ypN em 24,7% no geral, aumento que foi menos frequente na doença HER2+.

Referência:

RF2-01: Factors Influencing Additional Nodal Disease and Pathologic Nodal Upstaging with Axillary Dissection in Patients with Residual Node-Positive Breast Cancer After Neoadjuvant Chemotherapy Enrolled on Alliance A011202 Clinical Trial

Presenting Author(s): Judy Boughey

Abstract Number: SESS-621