Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, a redução no número de mamografias realizadas no Brasil em relação a 2019 foi de 39,6%, como aponta estudo selecionado em poster no SABCS 2024, que tem como primeiro autor o oncologista André Mattar (foto). O trabalho sugere o impacto da pandemia em atrasos na detecção e no diagnóstico do câncer de mama, que resultaram na identificação tardia de estágios mais avançados da doença.
Neste estudo multicêntrico, o objetivo foi avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no rastreamento mamográfico no Brasil, considerando resultados do BIRADS®, taxas de diagnóstico de câncer de mama e estágio da doença. Os pesquisadores utilizaram dados retrospectivos do programa de rastreamento mamográfico brasileiro de 2015 a 2023.
Os dados foram obtidos do banco de dados nacional de rastreamento DATASUS SISCAN (Sistema de Informações do Câncer) e recuperados em março de 2024. Os critérios de inclusão compreenderam completude dos dados da mamografia (registros incompletos foram excluídos), participantes do sexo feminino com idade entre 50 e 69 anos e mamografias realizadas exclusivamente para fins de triagem. O estudo analisou o número de mamografias realizadas durante o período especificado, com foco na classificação BIRADS®.
Os resultados mostram que de 23.851.371 mamografias realizadas entre 2015 e 2023, 15.000.628 foram incluídas no estudo. A análise de Mattar e colegas revela que uma redução significativa de 39,6% nas mamografias foi observada em 2020 em comparação a 2019, seguida por uma redução de 12,6% em 2021. Após a pandemia, a pesquisa destaca o aumento substancial de exames com categorias 4 e 5 do BIRADS, assim como revela uma mudança para estágios mais avançados (III e IV) da doença, sugerindo potenciais atrasos na detecção e diagnóstico.
“Em conclusão, o estudo destacou discrepâncias significativas nos exames mamográficos e nas taxas de diagnóstico de câncer de mama ao longo de nove anos”, sublinham os autores, que contextualizam a significativa influência da pandemia no momento e no estágio do diagnóstico, “sugerindo potenciais atrasos na detecção e no diagnóstico que resultaram na identificação tardia de estágios mais avançados da doença”, analisam.
Além de André Mattar, o estudo tem participação de Marcelo Antonini, Denise Joffily Pereira da Costa Pinheiro, Marina Diógenes Teixeira, Andressa Gonçalves Amorim, Odair Ferraro, Francisco Pimentel Cavalcante, Felipe Zerwes, Marcelo Madeira, Eduardo de Camargo Millen, Antônio Luiz Frasson, Fabrício Palermo Brenelli, Luiz Henrique Gebrim e Ruffo de Freitas Júnior.
Referência:
P2-09-02: Two Years Post-COVID-19: Evaluating the Impact on Brazil's Mammographic Screening Program
Presenting Author(s) and Co-Author(s): André Mattar, Marcelo Antonini, Denise Joffily Pereira da Costa Pinheiro, Marina Diógenes Teixeira, Andressa Gonçalves Amorim, Odair Ferraro, Francisco Pimentel Cavalcante, Felipe Zerwes, Marcelo Madeira, Eduardo de Camargo Millen, Antônio Luiz Frasson, Fabrício Palermo Brenelli, Luiz Henrique Gebrim, Ruffo Freitas-Junior
Abstract Number: SESS-1407