O carcinoma lobular invasivo é a segunda histologia mais comum do câncer de mama e tem menor taxa de resposta à quimioterapia comparada aos tumores ductais/sem tipo especial (NST). Laura Testa (foto), oncologista do ICESP, é autora sênior de estudo selecionado no SABCS 2024, que descreve resultados de sobrevida de uma coorte institucional de pacientes com carcinoma lobular invasivo. “Em nosso estudo, a sobrevida livre de doença e a sobrevida global foram maiores para quimioterapia adjuvante do que neoadjuvante, especialmente para os estágios I e II”, descreve o trabalho, que tem como primeiro autor o oncologista Raelson Miranda (foto).
No cenário adjuvante, muitas diretrizes recomendam quimioterapia (QT) com base nos critérios usados para o NST. No entanto, o benefício da QT não é necessariamente o mesmo. Neste estudo, foram incluídos pacientes com carcinoma lobular invasivo em estágios I-III atendidos no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), entre 2015 e 2020.
Após a triagem, os autores descrevem que 153 prontuários de pacientes foram incluídos para revisão, divididos em estágios I (22%), II (47%) e III (31%). A média de idade no diagnóstico foi de 62 anos (variação: 28 - 91 anos). Dos participantes, 76 (50%) e 16 (10%) receberam quimioterapia adjuvante e neoadjuvante, respectivamente, enquanto a QT foi omitida em 61 (40%) da população avaliada. Os resultados revelam que a mediana de sobrevida livre de doença na quimioterapia adjuvante, neoadjuvante e omitida foi, respectivamente, de 11 anos, 1,4 anos e 9,4 anos (p = 0,0001); e a mediana de sobrevida global (mSG) foi de 13,3 anos, 5,5 anos e 7,5 anos (p = 0,0395).
Quando considerado o estadiamento, a análise mostra que a mSG para o estágio I não foi diferente entre os grupos (p=0,011), enquanto no estágio II a mSG para quimioterapia adjuvante, neoadjuvante e omitida foi de 13 anos, 5,5 anos e 7,2 anos (p=0,006), respectivamente, enquanto no estágio III foi de 6,2 anos, 5,9 anos e 4,6 anos (p=0,56). Em uma regressão proporcional multivariável de Cox, a razão de risco (HR) para idade, estadiamento e HER2 3+ foram 1,07 (p=0,001), 4,2 (p=0,0001) e 8,9 (p=0,001) respectivamente.
Em conclusão, a sobrevida livre de doença e a sobrevida global foram maiores para quimioterapia adjuvante do que neoadjuvante, especialmente para estágio I e II, embora idade, estadiamento e HER2 3+ tenham sido fatores de risco independentes para menor sobrevida global.
Além dos oncologistas Raelson Miranda e Laura Testa, a pesquisa contou com a participação de Thamires Haick Martins da Silveira, Douglas Tozzo e Leticia de Mello Graziano.
Referência:
P2-10-03: Real world outcomes of adjuvant chemotherapy in invasive lobular carcinoma of the breast: a retrospective cohort from a reference center in Brazil
Presenting Author(s) and Co-Author(s): Raelson Miranda, Thamires Haick Martins da Silveira, Douglas Tozzo, Leticia de Mello Graziano, Laura Testa
Abstract Number: SESS-883