Onconews - INCA mostra alto índice de concordância nos resultados de revisão da patologia

A revisão de biópsia externa de rotina por patologistas institucionais é uma prática implementada por muitos centros de câncer. No entanto, obter uma revisão patológica central rápida e eficiente pode ser desafiador em países de baixa e média renda, assim como o atraso no processo de revisão pode dificultar o início oportuno do tratamento, apresentando desafios adicionais para os pacientes. Estudo do INCA apresentado no SABCS 2024 mostrou alto índice de concordância entre biópsias de mama externas e internas, em análise que tem como primeira autora a oncologista Ana Carolina Teixeira Pires (foto).

Neste estudo, o objetivo foi avaliar a porcentagem de discordância entre os relatórios de biópsia de mama de laboratórios externos e as revisões patológicas internas, estimando o impacto dessa rotina no atendimento ao paciente.

A análise retrospectiva considerou dados coletados de 500 prontuários médicos selecionados aleatoriamente entre todos os pacientes de mama tratados no INCA em 2021. Casos com amostras de biópsia externa disponíveis para revisão foram elegíveis. O kappa de Cohen (k) e o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) com modelo bidirecional foram usados ​​para avaliar a concordância entre os relatórios com variáveis ​​categóricas e numéricas, respectivamente.

A base analítica considerou 305 pacientes com amostra de patologia externa disponível, com idade mediana de 57,5 anos, majoritariamente mulheres (98,4%) e 61% pretos/pardos. Estadiamento clínico na apresentação: I (8,7%), II (30%), III (40%) e IV (9,4%).

Os resultados de Ana Carolina e colegas mostram que a concordância de malignidade nos relatórios foi de 99,6%. Seis de 28 pacientes tiveram o diagnóstico alterado de doença benigna para maligna. Um total de 110 (36%) casos tiveram avaliação de imuno-histoquímica externa (IHQ). A concordância para ER foi de 96,4% (k = 0,897, valor de p = 0,001) e 90,9% para PR (k = 0,784, valor de p = 0,0002). A taxa de discordância para ER foi de 4,2% (negativo para positivo) e 3,4% (positivo para negativo). A concordância para Ki-67 [ICC = 0,835, IC95% = 0,766-0,885, valor de p=0,001] e classificação (75,1%, k = 0,501, valor de p= 0,001). 96,4% de concordância foi observada para HER2 (k = 0,837, valor de p = 0,001,09).

A análise mostra, ainda, que a taxa de discordância para HER2 foi de 3,6% (3 negativos para positivos). Mudanças sistêmicas no tratamento ocorreram em 7,6% e em 3,6% dos pacientes em razão da discordância de ER e HER2, respectivamente. O tempo mediano para revisão patológica foi de 21 dias (IQR 9,5 - 38 dias) e da primeira consulta médica ao tratamento foi de 67 dias (IQR 46 - 106 dias).

“Mostramos alto nível de concordância no diagnóstico de câncer e uma baixa discordância na revisão IHC de ER e HER2, com pequeno impacto na tomada de decisão clínica”, destacam os autores. “Como a revisão patológica acarreta aumento de custo, tempo de trabalho do pessoal médico e atraso no início do tratamento, as instituições devem passar por procedimentos internos e reavaliar suas necessidades”, analisam.

Além de Ana Carolina Teixeira Pires, o trabalho tem participação de Lucas Zanetti de Albuquerque, Paula Domith de Oliveira Vieira, Érica Tex Paulino e José Bines.

Referência:

P1-09-02: Discordance in breast cancer pathology review and its impact on patient care

Presenting Author(s) and Co-Author(s): Ana Carolina Teixeira Pires, Lucas Zanetti de Albuquerque, Paula Domith de Oliveira Vieira, Érica Tex Paulino, José Bines

Abstract Number: SESS-2380