Diretrizes atuais recomendam monitorar a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) a cada 3 meses em pacientes que recebem terapia anti- HER2. Meta-análise apresentada no SABCS 2024 revela que a incidência de cardiotoxicidade foi maior com trastuzumabe quando comparada a trastuzumabe emtansina (T-DM1) e trastuzumabe deruxtecana (T-DXd). No entanto, o risco de cardiotoxicidade sintomática foi baixo, variando de 0,3 (T-DXd) a1,6% (trastuzumabe). “Nossos achados sugerem que a incidência de cardiotoxicidade clinicamente relevante é baixa e, portanto, o monitoramento da FEVE a cada 3 meses pode não ser necessário. Monitoramento menos frequente pode diminuir o número de visitas para os pacientes, bem como a toxicidade financeira”, analisam os autores. O estudo tem participação da brasileira Maria Clara Saad (foto), atualmente na Harvard T. H. Chan School of Public Health.
Neste estudo, o objetivo foi definir a incidência de cardiotoxicidade clinicamente relevante em pacientes recebendo trastuzumabe, trastuzumabe emtansina (T-DM1) ou trastuzumabe deruxtecana (T-DXd).
Os pesquisadores realizaram uma busca bibliográfica nos bancos de dados Ovid Medline, Elsevier Embase e Ovid Cochrane (PROSPERO: CRD42024513386). Um total de 55 publicações (n=39.335) foram incluídas: 37 para trastuzumabe (n=28.808), 6 para T-DXd (n=2.331), 13 para T-DM1 (n=8.196), uma usou T-DM1 e T-DXd. A análise considerou um estudo de fase 1, dois de fase 1/2, 22 de fase 2 e 30 de fase 3. Um total de 25 estudos incluiu pacientes com câncer de mama inicial e 30 com doença metastática. Os autores descrevem que uma meta-análise de braço único de efeitos aleatórios foi concluída para determinar a incidência de cardiotoxicidade associada a esses medicamentos.
Os resultados revelam que a incidência geral de cardiotoxicidade foi de 8% (IC de 95% 6; 10,4) com trastuzumabe, 1,4% (IC de 95% 0,8; 2,6) com TDM-1 e 2% (IC de 95% 1,4; 2,9) com T-DXd. A incidência de cardiotoxicidade sintomática foi de 1,6% com trastuzumabe, 0,4% com T-DM1 e 0,3% com T-DXd. Houve uma incidência numericamente maior de diminuição da FEVE em pacientes com doença metastática em relação àqueles com câncer de mama inicial (trastuzumabe: 9,8% vs. 7% e T-DM1: 1,7% vs. 0,9%, respectivamente). Pacientes tratados com pertuzumabe concomitante tiveram numericamente um risco ligeiramente menor de diminuição da FEVE (trastuzumabe 6,2 vs. 9% e T-DM1 1,3% vs. 2,5%).
“Nesta meta-análise, concluímos que a incidência de cardiotoxicidade foi maior com trastuzumabe quando comparado a T-DM1 e T-DXd. Além disso, o risco de cardiotoxicidade sintomática é baixo em todos esses agentes, variando de 0,3-1,6%. A
incidência de cardiotoxicidade foi menor com ADCs do que com trastuzumabe”, analisam os autores. “Nossos achados sugerem que a incidência de cardiotoxicidade clinicamente relevante é baixa e, portanto, o monitoramento da FEVE a cada 3 meses pode não ser necessário. Monitoramento menos frequente pode diminuir o número de visitas para pacientes, bem como a toxicidade financeira”, destacam, recomendando futuras análises de custo-efetividade para determinar se o monitoramento cardíaco a cada 3 meses é o mais apropriado para pacientes com risco cardiovascular padrão.
Referência:
P1-02-08: Incidence of cardiotoxicity in patients with breast cancer receiving human epidermal growth factor 2 (HER2) targeted monoclonal antibodies and antibody-drug conjugates: A Systematic review and meta-analysis.
Presenting Author(s) and Co-Author(s): Ilana Schlam, Maria Clara Saad*, Judy Rabinowitz, Alex Julian, Jake Schwartz, Vasil Mico , Sara H. Hurvitz , Edith A. Perez , Jenica Upshaw , Natalia Kunst , Sara M. Tolaney , Stefania Papatheodorou
Abstract Number: SESS-394